Destaque para outras Almas Nuas

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Você já dançou com o demônio sob à luz da Lua?


Não sei se o Demônio esteve presente na dança que dancei: ele me repugna! Mas diante da Lua tão repleta de si mesma, exibindo-se de uma luz que nem emanava de si própria, eu me despi dos trapos que vestia e dancei diante dela com meus demônios interiores mostrando-lhe que mesmo eu presa nesta terra, vivendo do desejo de estar levitando nos ares feito ela, não podia brilhar num céu, mas podia criar minha própria luz.
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Um momento que este corpo vil passa, passa imperceptível. Um momento para a alma que insiste mostrar-se presente e real, é uma eternidade com a possibilidade de absorver numa fração de segundos cada detalhe insignificante.
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Morremos várias vezes durante a vida... Acordamos várias vezes também. São milhares de portas que abrimos ao longo da existência, e se por detrás de alguma surgir algo incrivelmente satisfatório, é por ali que passamos maior parte de nosso tempo. Todos os cômodos que entramos, nos oferecem nova porta para ser aberta, e sempre haverá o momento em que nos obrigamos abri-la. O sono não é eterno...
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Estar acordado é na verdade dormir e entrar num sonho fantasioso e fictício... E durante todas as partes deste tempo também ilusório, estamos entre dormir e despertar. Não será por isso que conseguimos ser tantos em um dia só? Não será essa a causa dessa variação de nosso humor, postura e desejos?
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Por que responder? Por que tudo precisa ter uma explicação lógica? Aquele que explica tudo não tenta de certo modo estar certo em algo, ou tenta justificar-se? Em cada linha escrita, quantas vezes eu despertei e voltei a dormir? O agora já é passado e porque explicá-lo ou justificá-lo? Todas as portas, visíveis ou não recebem seus passageiros errantes que modificam suas vidas e o 'Agora' assim que passam por todas elas. Um passo pode mudar uma vida inteira! Uma palavra pode dar um sentido completamente diferente daquilo que se quis dizer...
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O que não muda em tudo isso é o fato de sermos o que somos: essa coisa que tentam dar nomes que não a definem, que muda constantemente durante segundos... Nós somos como a Terra que gira, gira, e nossa impressão é que gira lentamente... Parecemos inertes faróis de luz apagada, mas a luz brilha do outro lado...
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É inércia debruçar-se sobre o rio e olhar o rio passar? O rio passa, e aquele momento que passa e que o rio com ele passa jamais tornará... Mas ali, naquele pequeno momento que passa, vem, passa e ficam as respostas. A vida é assim como nós de carona com ela, somos um rio passando por baixo de pontes...
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Eu penso: jamais erramos! Fomos projetados e constituídos pela Perfeição que não erra, ora não posso errar. Não erro porque opto, mas porque não produz erro o que foi concebido com perfeição. Somos e vamos deixando de ser, acertando e acertando desmanchando-nos e recriando-nos e no fim, não deixamos de ser, mas acrescentamos ao ser...
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Hoje, é o resultado de passos certeiros dados no passado... Este momento já era naquele passo que passou e nunca tornará a ser...
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Nós... Cebolas Absolutas que não se cansam de despir-se de suas camadas que nunca encontram seu centro... O abismo é profundo...
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Então... Dancei diante da Lua exibida que brilhava com uma luz que nem era dela que emanava, me despi dos trapos que vestia e ela iluminou-me como as luzes da ribalta... Eu dancei com meus demônios interiores que conhecem melhor este meu centro de abismos profundos onde eu mesma não posso chegar... E cometi o erro certo de copular com todos eles, diante daquela Lua exibida e mostrar que posso criar minha própria luz.

São Paulo, 22 de Janeiro de 2009.
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-=Shimada Coelho=-
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Publicado no Recanto das Letras
Texto com o código T1399677
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Você Já Dançou com o Demônio Sob a Luz da Lua? by Shimada Coelho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.

Um comentário:

  1. Olá linda criatura, vim lhe visitar!
    Fascinante Alma Nua... nossa amiga em comum Silvana Panther, me presenteou compartilhando seu espaço... inundado de beleza e fluidez!
    Retornarei pra lê-la mais, pois nesse momento me sinto cansada e mui sentida.
    Compartilharei com meu uni*verso de conhecimentos, viu Shimada querida?
    Para'Bens... amei <3

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