Fizeram-te tão cinza e concreta... Parece tão triste...
Sentes solidão?
Pois é uma gente que te cerca, e gente que te invade...
Gente que te inunda, gente que te imunda...
Quando a luz dourada vem desnudando o mundo,
Crescem tuas sombras e te tornas tão fria...
Cansativa poluída!
Estufa de sementes alienadas,
Alucinógenas e alienígenas!
Os delatadores vivem de ti,
Depredadores que nada tem, mas tudo querem!
Os corruptos são quem mais oportunidades tem:
Gigantesca promissora!
O que esperar de ti?
O primeiro gole da dose é para o santo,
E segue escorrendo pelo chão, pela vala, pelas guias...
Criando um rio de pinga, esgoto e sangue...
Logo haverá em ti um mar de sangue embriagado,
De Vida que vai, porque veio!
Sepultaram-te viva debaixo do concreto, bem sei...
Posso ouvir teu gemido emergindo...
Ninguém te ouve: manifestação cotidiana barulhenta!
São buzinas, a aceleração, a freada,
Os outdoors, a fumaça, as conduções lotadas...
Nos arredores da inquietude são cães
Incomodados com a canção chata do caminhão de gás...
Ninguém te ouve... Poderão te ver?
Cobrem-te com cartuchos perdidos das balas,
Com o lixo que se acumula nas calçadas,
Com o desejo de consumo e de auto- realização mesquinha:
Teu brilho noturno está tão artificial...
Os Vaga-lumes e Borboletas já te abandonaram...
Ficaram apenas as Mariposas e
As abelhas saqueadoras que te exploram!
Fincaram-te prédios, casas, casebres
E as malocas de Adoniram se estendem mais e mais...
Rainha desejada, decepção inesperada de muitos...
És bela, mas tão poucos podem ver...
Mesmo que a tenham transformado na mais desejada meretriz!
Mina extrativista, paiol de fragilidade,
Gigantesca senzala de livres fingidores...
Bolsa de valores perdidos,
Centro comercial e propaganda,
Núcleo financeiro, violento e negligente:
Segue enriquecendo de pobreza!
Não te perturbes jamais te deixarei!
É meu berço de ouro, poluído e tão cinza...
Roubaram-te todo o glamour...
És a sepultura onde encontrarei os portais da eternidade!
Meu Inferninho preferido...
Minha cidade pesada feito um país...
É um país -
Minha Sampa!
Sampa de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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