Destaque para outras Almas Nuas

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Distante dos Olhos




Perdoe-me
se pareço indiferente...
Mantenho-me distante
sim!
Com isso posso parecer
fria,
insensível...
Só parece...
Minha sensibilidade é prisioneira
tornando-a também distante,pois,
estando presa,
enxerga apenas o que passa diante da janela...

Perdoe-me
se não retribuo
na mesma dose generosa
suas virtudes espontâneas...
A retribuição exige-me
proximidade,
tato,
envolvimento...
E preciso mesmo manter-me distante...

Perdoe-me
se parece ocasional
e tão momentâneo
meus atos de afeto...
(novamente só parece...)
É que me dou tanto!
Doses cavalares
que podem sufocar!

Portanto, perdoe-me
por favor!
Se mantenho-me tão longe,
tão fria,
aparentemente
tão indiferente...
É que me acostumei a não depender
nem das virtudes alheias,
nem dos defeitos
para me enxergar...
Para me encontrar...

Então, deixe-me aqui...
Deixe-me parecer
que não estou aqui -
pois não estou-
porque um dia eu realmente
não estarei...
Minha presença apega... Não dói!
Mas, com apego
na ausência
vai doer!

Deixe-me
e perdoe-me a distância...
Se perto, estou estacionada...
Se longe, ora sigo caminhando...
De todo modo as pessoas passam!
De todo modo vão passando,
distanciando-se,
tornando-se um ponto irreconhecível,
lá distante na paisagem...

Aprendi a ser só e gosto da solidão...
Sei quem me falta quandoe stou sozinha...

Perdoe-me, então
se mantenho-me
distante...
É que estando longe,
o valor das pessoas,
posso enxergar melhor!



Shimada Coelho,
19 de Agosto de 2010 em São Paulo.



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