Todas

Fartou-se a ponto de estufar seu ventre que nunca mais irá parir...

Fartou-se, mas logo irá vomitar tudo, pois não consegue explodir de vez...

Isso cansa... Tanta coisa cansa... Vai se esgotando... Se arrastando...

Porque cansam, porque tentam, porque empurram ao chão...

Ela é uma Silvya da vida, que embora queira muito viver,

Sempre será a suicida e nunca sai da mente um desejo que emerge -

Sei lá de onde - de matar-se... Assassinar-se!

O leite já está quente e as crianças dormem só espera a neve cair...

Ela deseja que não nasça

Mulheres em sua linhagem...

Ela teme, pois, caso aconteça,

A fêmea receberá seu fardo:

Estigma - forasteira em constante viagem!

Uns chamam de benção,

O que ela chama de maldição...

Se por muito tempo mergulha nos pensamentos,

Busca por argumentos

Que a mantenha na prisão...

Então, acende o cigarro,

Dá umas baforadas,

E sente-se segura

E com os pés no chão!

É uma Blavatsky da vida,

Com os olhos fixos em alguma visão:

Sonhos que ela sonha acordada...

Ela tem mestres - ascendentes ou decadentes -

Sancionados e alucinados,

Que importa? Todos têm algo a ensinar!

É uma sala cheia de seres enevoados,

Fumacinhas frágeis e irrequietas,

De mortos, de vivos e mortos-vivos...

Uns querem contar histórias,

Outros querem revelar um mistério,

E ainda aqueles que querem ensinar algo...

Pura alucinação de quem tem visitas imaginárias...

É uma Joana D'arc da vida,

Ouvindo vozes e orientações,

Acreditando ter uma grande missão,

Vai a luta sem medo,

Sem noção, obedece...

Qualquer coisa pela liberdade!

Sepulta-se, mergulhada no próprio pranto,

Indiferente ao Templo de Marttand,

Onde tantas faces observam sua dor,

E nunca lhe estende as mãos...

Uma Sati da vida,

Leal e devota,

Nem sabe bem ao que!

Um pequeno barco frágil,

Perdido no oceano,

De Todas que há em si!

@shimadacoelho

Todas de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.