A maturidade não vem com o tempo nem com a idade. Não existe um intervalo entre o presente e o amadurecimento; esse intervalo não existe mesmo. A maturidade é aquele estado no qual cessou toda forma de escolha; só os imaturos escolhem e conhecem o conflito nascido da escolha. Na maturidade não existe uma direção qualquer, mas, sim, aquela que não vem da escolha. Qualquer espécie de conflito revela imaturidade.
Não existe o amadurecimento psicológico, a não ser o inevitável processo orgânico de crescimento. Maturidade é a compreensão que transcende todo e qualquer conflito. O conflito deve deve ser compreendido em sua inteireza, não apenas intelectualmente, mas no contato vivo e real com a sua essência. Esse contato emocional e direto com o conflito, a crise, deixa de ocorrer se nos limitarmos a aceitá-lo, intelectualmente, como necessário, ou a negá-lo de forma sentimental.
A aceitação ou a rejeição não alteram o fato e nem mesmo o raciocínio será capaz de provocar a crise necessária. Isso só vem com a compreensão do fato. Esta percepção não ocorre se houver condenação, justificativa ou identificação com o fato. Ela só se torna possível quando o cérebro cessa sua atividade, limitando-se a observar, abstendo-se do ato de classificar, julgar ou avaliar. Existirá, necessariamente, o conflito enquanto houver a ânsia de preenchimento, com sua inevitável série de frustrações; existirá o conflito enquanto existir a ambição, com seu velado e implacável espírito de competição; e a inveja faz parte desse interminável conflito, gerado pelo desejo de vir-a-ser, de obter ou de alcançar o bom êxito.
A compreensão independe do tempo; está sempre no presente, nunca no amanhã; é agora ou nunca; o que existe é o presente. O "ver" ( perceber ) é instantâneo; cessando no cérebro o conceito do ato de "ver" e compreender, ele é imediato. Esse "ver" é explosivo, isento de cálculo ou raciocínio. Na maioria das vezes, é o medo que impede a compreensão. O medo, com suas defesas e sua coragem, é a origem do conflito. O "ver" não apenas vem do cérebro, mas também o transcende.
A percepção do fato cria sua própria ação,completamente diferente da ação baseada na idéia ou no pensamento; a ação emanada da idéia ou do pensamento gera conflito; a ação visante a ajustar-se à idéia , ao modelo, gera conflito. No campo do pensamento, todo conflito é interminável.
( Diário de Krishnamurti - pág. 63 - Edit. Cultrix )
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