Sinto-me tão mal que cheguei a pedir ajuda: eu nunca peço ajuda! Acho que todas as pessoas parecidas comigo estão do mesmo modo.
Sinto-me o ser mais ridículo do mundo diante de pessoas que conseguem se enquadrar no sistema e ter suas vidas 'normais' com tanta desenvoltura e pés do chão enquanto eu vivo me perdendo na minha insanidade de realidades paralelas, teorias e conspirações, preocupada com os rumos da sociedade humana e do planeta sem que nada disso faça diferença pois a maioria é essa gente de pé no chão que nem está preocupada com essas coisas...
Eu enxergo o mundo com uma visão geral como se vivesse suspensa no ar podendo ver absolutamente tudo em sua real dimensão. Isso pesa feito um fardo!
Sair da clausura está me sufocando e me oprimindo porque não há como estar lá fora sem entrar no sistema e se há, não tenho tempo para aprender. Não consigo entrar neste ciclo vicioso estranho: não me preocupo com minha aparência, não me importo com o ganho de peso, não estou preocupada em conseguir um carro do ano nem tão pouco chegar no topo da realização financeira e profissional. Não quero sucesso nem fama, pois ser percebida me incomoda...
Venho sofrendo e não é por amor, ou por causa dos tantos problemas e nem tão pouco por causa das dificuldades diárias e nem a dor mais consegue me fazer sofrer... Sofro porque passei tanto tempo na caverna tentando me proteger e me poupar, pois o mundo mesmo assim se revela tão cru diante dos meus olhos... Sofro porque não sei mais como é sair lá fora e nadar conforme a maré... Sofro porque desaprendi a ser igual a todo mundo, pois sempre soube que sempre fui diferente.
O mundo é o lugar mais belo e repleto de todos os Universos, mas o sistema que o rege me desgasta e me mata aos poucos. Não me enquadro, não me encaixo e embora eu desvende um pedacinho mais de mim mesma, a cada dia, vou descobrindo que cada vez menos sou menos parte de tudo isso.
O trabalho Sem pés no chão de Shimada Coelho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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