Destaque para outras Almas Nuas

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Em Busca de Paz



Onde estás ó Paz?
Assassinaram-te os homens impiedosos?
Ou esconde-se debaixo das pontes ou nos becos sujos?
Contam que certa vez, um rei teve seu trono roubado mas mesmo assim, não se rendeu... 
Dizem que até contra a Morte ele lutou e a venceu! 
Dizem que ele conseguiu as chaves do Inferno!

Mesmo que nossos pés se desviem dos corpos espalhados no caminho,
Onde está ó Morte a tua vitória?
Mesmo ainda que as estrelas se ausentem e o brilho na imensidão seja de mísseis,
Clamamos por Paz por crermos nela!

Eu vi os pastos verdejantes banhados pelo Rio vermelho da Vida...
Porque Paz também é deitar-se na relva e contemplar as nuvens...
A noção de Paz é o fim da guerra,
São as algemas que caem,
São as armas que cessam,
É a dor que cala,
É a tempestade que passa...

Onde estás ó Paz e porque oculta tua face de nós?
O Mundo dos Homens agora é o Reino dos Sábios...
As crenças digladiam-se,
Disputam pela posse da Verdade Absoluta...
O errado determina o que é certo,
Condena ao abismo aqueles que não o seguem...
Derrubaram tantos ditadores, mas as cercas de arames farpado ainda rasgam 
A pele e o coração...
O fantasma das sirenes ainda ecoam 
E os sinos ainda avisam o perecimento lento das Almas...
Os muros se erguem cada vez mais altos,
São torres individuais de uma vasta Babel...

Quando a dor se torna aguda ela invoca a Paz...
No auge do caos é que há consciência da pequinês humana...
No amontoado de gente e de corpos o odor denuncia nossa insignificância...
Há guerra até mesmo pelas cascas de batata,
Pelo pão embolorado,
Pela água turva,
Pela Vida...
Pelo direito de estar... Mesmo aqui... De existir...

Eu vi um homem afogando-se nos excrementos de todos,
Enquanto um outro cobria-se das jóias que de nós foram roubadas...
Veja ali... Bem ali... Uma criança deve ter perdido o sapato de sua boneca...
Onde estarão as crianças?
Os restos humanos expostos nas cercas como aviso
Só me lembram a tranquilidade do quintal onde as crianças brincavam
Entre as roupas que esvoaçavam no varal...

Por que enxergar a realidade como ela é?
Nas lembranças é que encontro a Paz!
Porque agora o céu é tão cinza quanto estes trapos que me vestem...
As estrelas não são mais aqueles que se foram:
São uma denuncia em nosso peito!

Por que irão escolher a doce caminhada entre as árvores das florestas,
Quando a queda delas parece bem mais lucrativa?
Por que seria importante balançar os pés nas águas dos rios,
Quando nossa imundície precisa desaparecer de diante de nossos olhos?
Certa vez, uma doença dizimou as aves do galinheiro e fui grato por entre os homens não ser assim...
Hoje nos dizem que não devíamos estar aqui...

Os pés caminham num mesmo rumo feito a marcha que um dia despertou terror...
Se cegos não sei... Mas acreditam seguir na direção certa...
Vão pisando na sabedoria dos velhos e desaparecendo com as crianças...
Vão alimentando a doença que extermina uns aos outros...
Nas máscaras que usam respiram gás mas nada podem ver...

Antes de avistar aquele túnel luminoso eu disse aos demais:
"- Não morreremos em vão!"
Mas o mundo se esqueceu...
Esqueceu... Pois onde está a Paz?
Ela é resultado do Amor...
Amor... Onde estás?

Psi Isaac

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Em Busca de Paz de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.


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