Destaque para outras Almas Nuas
quarta-feira, 6 de março de 2013
Projetando o Reino de Gente Pequena.
O que pra mim é o Reino de Gente Pequena, hoje em dia é conhecido como Jardim das Fadas. Este Jardim é a montagem de pequenas vilas em miniaturas com casas, poços, escadas e tudo mais que caracteriza uma vila campestre. Estão presentes enfeitando jardins, canteiros ou arranjos de colecionadores de Suculentas.
Na minha infância, o Reino de Gente Pequena era outra coisa... Eu tinha mania de brincar entre as plantas do jardim ou de canteiros, trafegando entre vasos e imaginando estar em uma vasta floresta. Empurrava as folhagens com os braços como desbravando matas virgens. Pequenos arbustos eram imensas árvores e minha estatura facilitava imaginar que fossem assim.
Nessas aventuras imaginárias, explorava cada milímetro atrás de Gente Pequena. Quando encontrava um montinho que musgo que crescia sobre o lodo, eu focava minha atenção àquele ponto: ali surgiria Gente Pequena.
Gente Pequena eram pessoinhas imaginárias. Elas tanto poderiam ser camundongos imaginários de enormes orelhas arredondadas bem vestidos ou pequenas formigas: umas de avental, outras de óculos e coques, outras de vestidos estampados. Mas roupas, chapéus e guarda-chuvas, eram feitos ou de folhas ou de pétalas de flores. Ás vezes, pessoinhas esquisitas também apareciam. Elas tinham características que apontavam a personalidade de cada uma. O tamanho delas dependia do tamanho das folhas que encontrava que, assim como os musgos, possuíam folhas minúsculas. Para folhas maiores, pessoinhas maiores. Era meu jeito de compreender e comparar proporções.
Então, com a imaginação solta, a Gente Pequena iam surgindo diante de mim uma a uma.E eu ficava ali, por muito tempo, observando-as, imaginando suas falas, como seria o tom de voz de cada uma, onde moravam, como seria a casinha de cada uma delas, de quem eram vizinhas, o que pensavam, de que tinham medo e como seria enxergar através dos olhos delas. Às vezes me perguntava: "Será que podem me ver?"
Latas de milho eram escolas e clubes: não haviam hospitais ou delegacias. Tampinhas de garrafa eram fontes. Caixas de fósforos eram os muros dos limites do reino. Um pedaço de algodão era uma nuvem turista. Palitos de dente ou de fósforo eram cercas ornamentais. As casinhas eram cogumelos ou antigos bibelôs.Ás vezes, quando eu cavava um pequeno buraco e enchia de água: ali era um lago de águas límpidas onde muitos peixes nadavam.
E fascinada e ainda tão criança - e sem a obrigação de enxergar o mundo tão grande com todos os seus problemas - eu não me cansava de ficar ali, assistindo como a gente pequena era tão feliz! Um mundinho pequeno, cheio de gente pequenina que sabia viver! Às vezes, eles olhavam para cima e acenavam! Eu acenava de volta!
Hoje já não sou mais criança. E o Reino de Gente Pequena pode tornar-se realidade.A vovó Camundongo poderá aparecer na porta de sua casa com uma bandeja oferecendo suco de néctar em folhas enroladas que servem de copo para seus netos que brincam no pequeno jardim. A Borboleta aventureira dará uma carona para Dona Formiga que visitará a amiga que mora quase em cima do muro.A Libélula em seu voo rasante será um avião no céu que transporta sonhos bons.
Projetando o Reino de Gente Pequena. de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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