Palavras... Só palavras?

Hoje sinto-me como se minha alma estivesse atravessada pela katana... Palavras tem tanto poder! Não são meros símbolos... São fragmentos de um mundo interior submergindo ao exterior... Então, escrevo: para ser enxergada com clareza! Então, leio: para enxergar!

Absolutamente ninguém pode esconder quem é quando escreve! Não tenho medo de me expor ao risco, de me expor, de me revelar! Eu quero mesmo que alguém me enxergue, entre a multidão, entre a multidão de palavras, entre símbolos e entrelinhas...

Mas, absolutamente ninguém pode esconder quem é quando escreve...  E ler as pessoas é se expor também...  Ao risco de ser retalhado constantemente, sem dó...  

Já ouvi algumas vezes, que sou alguém que vive no passado. Não, não vivo lá, vou visitá-lo vez ou outra. Porque no passado, muitas coisas eram bem diferentes, inclusive o que se escrevia e o que se lia, o que se falava e o que se ouvia... Eu ainda me pergunto "como é mesmo?" ou "o que é mesmo?" que evoluiu tanto, que avançou tanto quando regrediu-se a Era das Cavernas algo simples, nosso primeiro aprendizado na vida... A comunicação! A expressão!

Há um vírus que se instala em bocas e em ouvidos... Ele vai além do que o Analfabetismo Funcional é capaz... Este vírus não se limita a estes sentidos, procura os demais, porque, não se se já te contaram, ouvido não é só pra ouvir, e mão não é só pra tatear...

Encontrando os outros sentidos, venda internamente com aquilo que há de acessível: o Ego. Ensurdece e faz a língua perder o freio com a falta de humildade e ponderação. Quando menos se espera, o orgulho se assentou no trono que rege a personalidade...

Ás vezes, acho - só acho - que alguém conseguiu me enxergar...Andando cheia de roupas, capuz, óculos escuros, deselegante, no meio da multidão pra não ser vista. Ás vezes, acho - ainda só acho - que alguém conseguiu me ler assim como leio as pessoas... Vez ou outra eu vou soltar o grito interno que diz "Maldição!", sim, ler as pessoas é maldição...

Peguei-me estudando para fazer uma prova de admissão... Arremessei longe todos os livros... Sentei no chão... Cansada... Cansada de enxergar... Cansada de ler... Como se faz para regredir intelectualmente? Como torna-se alguém 'burro'? Como desaprender o aprendido ou como anular o que já foi herdado? Como tornar-se cego, se mesmo que eu vazasse meus olhos, ainda assim enxergaria...

Para que palavras aconteçam, sejam exteriorizadas, uma sucessão de eventos internos acontecem... Tudo muito rápido, assim como as informações passadas de neurônios para neurônios... Seus pensamentos, se misturam as suas crenças, suas questões morais, seus pré julgamentos, suas emoções, seus traumas, suas questões inacabadas, e tudo mais, enquanto seu sentimentos está sendo gerado, como uma esfera de névoa quente... E quando falamos, aquela  esfera sai como vibrações, ondas e energias. Junto com as palavras ditas... Impensadas... Impulsionadas pelo Ego e o orgulho... Por velhas feridas... Dependendo dos ingredientes que se misturam, pode ser uma bomba nuclear potente capaz de matar o pouco que alguém ainda tem por dentro...  Pode ser uma boma caprichada de muita maldade inconsciente, repleta de agulhas, farpas e navalhas, que dilaceram....

Eu continuo remendando o pouco que ainda resta... Logo, não haverá nem trapos... Logo, o que haverá me consumido pouco a pouco neste mundo foram palavras...