Quem inventou a afirmação que "Não se deve jogar ao outro a responsabilidade de sua felicidade"? - talvez, seja um invenção como manga com leite ou o Boto-Rosa....Talvez, uma mente rasa cujos pensamentos, raciocínios produzam uma nata e é isto que é usado... Talvez, quem criou a ideia de responsabilidade afetiva! Talvez, estas ideias furadas tenham criado e alimentam o individualismo e o egoismo... Eu serei ainda mais Ilha se acreditar em tudo isso!
De alguma forma todos estamos conectados! Todos vivemos diariamente algum tipo de relacionamento: do porteiro até o dono da empresa. Relacionamento "de trabalho"... Como assim? Que tipo de sentimento existe quando trombo todo santo dia com o amigo e trabalho com ele? Tornamos a empresa uma potência maior!Relacionamento é relacionamento assim como Morte é morte: não importa do que morreu, é morte! Não importa que tipo de relacionamento, relacionamento é!
Existe uma hierarquia nos relacionamentos... Cada pessoa está em um nível de importância... Ou o relacionamento é o mais importante? Ai, ai.... Somos todos tão hipócritas criando mentiras e ilusões pra nós mesmos o tempo todo, não?
Hoje na aula de Psicanálise e o tema"o que forma um analista", um dos temas foi a escuta: escutar, é isso que nós fazemos! Minha participação foi mencionar que me expresso demasiadamente escrevendo, mas, não costumo falar: já aconteceu de ficar uma semana muda e até me preocupei. É nato: é algo entre "não gostar" e "pra que?"....Também mencionei que acontece muito em corredores de supermercados, alguém se aproximar e começar com um "Nossa, como as coisas estão caras!" e de repente, a pessoa já está contando da própria Vida. E eu ouço!
Devo ter pego o prazer em ouvir o outro com papai que sempre contava histórias: cresci ouvindo histórias e talvez, por isso eu seja escritora....Na minha infância, ninguém tinha TV: a água era retirada do poço e a luz era de lampião. Não havia energia elétrica. Não havia muros ou cercas também, então, os casais de vizinhos colocavam seus filhos na cama e vinham pra casa de meus pais, tomar um café à luz do lampião e contar "causos". Eu ouvia tudo com muita atenção, inclusive, como cada um contava sua história.
De repente, senti algo ruim por me comunicar escrevendo e não falando. Percebi o quanto ao longo da Vida ouvi e ouvi - ou li e li - centenas de pessoas. Mencionei em tom de chateação que "sou um ouvido andante".... Talvez, seja isso que atraia as pessoas a vir até mim e falar, não importa onde, não importa que nunca tenhamos nos visto... Talvez por isso, eu nunca tive um confidente de verdade, até conhecer você! Às vezes, eu gostaria de ser ouvida com o mesmo interesse que ouço...
Olho para minha mão e esta suja de tinta: depois da aula, retornei para continuar a pintar as paredes. Ajeito a casa, como se a estivesse preparando para te receber, mesmo sabendo que não virá.
O que sinto, o que penso, minhas alegrias ou tristezas, nada disso é sua responsabilidade, nem culpa sua e nem é da sua conta: por que se importar?Ainda assim, sigo ajeitando tudo porque preciso de algo, não para me segurar, mas, para dar sentido a alguma coisa nesta Vida!
Eu jamais vou esquecer a voz de uma professora do primário, lendo um texto no livro de Estudos Sociais: "O ser humano nasce cresce, se reproduz e morre". Eu sempre pensava e ainda penso quando a voz dela ecoa na memória: "Que Vida mais besta!".
Não estou apenas pintando as paredes: no meu mundo cinza, diariamente me esforço para colorir tudo, mas, acabaram-se as cores. Ninguém é alto suficiente. Ninguém pode nada sozinho. O individualismo é a nova fachada para egoismo.
De repente, vou registrar pela primeira vez na minha Vida, uma pergunta que sempre vem soando, submergindo lá do fundo, e eu sempre a freio por não saber a resposta: "Por que sempre sou punida por falar?".
Pouco a pouco, sutilmente, vou desaparecendo
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