Baseado nas histórias que meu avô, que dizia-se fugitivo da invasão a Okynawa, me contou...
Eu não preciso ter motivos pra chorar
Para compreender as lagrimas do outro.
Eu não preciso ser mutilada pela brutalidade
Para compreender o que é perder um dos meus membros ou órgãos.
Eu não preciso perder alguém
Para compreender a dor intensa de perder um ente querido.
Eu não preciso sentir meu corpo me auto devorando
Para ter consciência do que seja a fome do outro.
Os pentes das metralhadoras
Parecem dentes
Iguais aos vistos no riso
De quem as empunha...
Arrancar uma flor que escolheu onde se abrir
Não causa dor a mão que a arranca...
Se quero um batalhão invencível,
Armo crianças,
Mostro-lhes a banalidade da Morte
E terei soldados sem medo
Cuja infância foi corrompida.
Há Amor no tom de voz elevado da mãe
Que intenta apenas ensinar sobre as coisas corretas
O que há na voz dos invasores
Quando pisam em sua horta
E invadem suas terras?
Diante disto, não se preocupe com qual crença vai seguir:
Elas são tantas e veja o mundo como está!
Nem a crença é capaz de mudar a mente humana?
Não existe mais o riso de felicidade?
O riso da alegria se extinguiu?
Eles riem e comemoram a Vida assassinada
E a Terra suga a Vida em uma poça vermelha
Como um cálice de vinho que embriaga
E traz à superfície seus segredos...
Os séculos passarão...
Viverão a ilusão de que tudo já foi bem pior...
Mas, à partir de agora
A verdade de tudo, em tudo e sobre tudo
Emergirá quando a Terra vomitar
O que ela não produziu.
A Sociedade doente
Gera cada vez mais doentes...
Rouba Tempo...
Rouba Energia Vital...
Rouba o riso...
Rouba a esperança....
E não há como se curar
Em meio ao movimento que adoece
Para explorar a todos
Até que não precisem mais
Ser corpos estendidos no chão
Mas sejam mortos que caminham e
Se submetem.
Nunca fuja da verdade
Atraque-se a ela
Mesmo que custe tudo o que possui...
Mesmo que te roubem a Vida...
Mesmo que te torturem...
Mesmo que te humilhem
Através de propagandas que esfregam em sua cara
Que você não tem o que só eles podem te vender.
Já viu alguém se perguntar
Sobre aqueles que ouvem suas músicas tão alto?
Eles desconhecem o som da árvore que tomba,
Da serra que a cortou,
Dos tanques avançando,
Das bombas explodindo,
Dos gritos de desespero.
Sinta- se feliz em sentir as dores do mundo!
Estás viva
Estás conectada ao Todo
E não és tão doente quanto dizem que você é...
Seja livre, pois, você nasceu livre.
Porque se a verdade liberta
Ser livre valerá sempre mais do que tudo!
É a liberdade que nos trouxe a Vida!
E Vida
E viver
É sentir...
É contemplar...
É experimentar...
De tudo que não se encontra nas prateleiras dos supermercados.
São Paulo, 15 de dezembro de 2024.
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