Voltei mesmo parecendo-me que nunca estive fora, talvez porque são tantas vezes que saio de mim em vôos serenos...
Embora pareça que a vida seja a mesma vida pulsando no mesmo corpo, nesta ausência tão presente parecia que eu vivia outras vidas...
E que embora os cenários ao longo do caminho sejam diferentes revelando formas novas, pareceu-me algumas vezes que eu caminhava o mesmo caminho de outrora...
Contar exatamente o que? Eu compartilho essa minha visão, ora destorcida, ora alucinógena de mundo, mas nada do que digo será decreto para nada nem ninguém... Meu mundo já desmoronou tantas vezes, mas o que eu enxergava eram apenas flores brotando em escombros, os fachos de luz atravessando as rachaduras, o vento soprando suave e feito carícia pelas frestas... E vi tanta gente que caminha sobre o mesmo chão que eu, enxergando num mágico nascer de sol o tormento de mais um dia de agonia!
O que poderia eu comunicar?O que vivo só eu posso viver e se não contar só eu saberei... Quando conto outros percebem que o caminho de todos nós não é o mesmo, mas pode ser tão parecido... Porque todos sentimos as mesmas coisas, encaramos situações semelhantes, desejamos quase as mesmas coisas e vai saber se algum pensamento íntimo já não viajou na cabeça de todos? Só contando pra saber...
Mas falar exatamente sobre o que e como começar? Tantas vezes pensei que morreria de imenso tédio, mas onde ele está afinal? Um dia pode trazer tanta novidade que se aperta na mesma rotina de todo santo dia... O corpo que repousa na sepultura é que se acaba em tédio: mesmo assim ali algo acontece.
Shimada Coelho
@shimadacoelho
em 19/06/2011
A obra Voltei,sem sair do lugar de Shimada Coelho foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
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