Destaque para outras Almas Nuas

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ovelha Negra


O Lugar onde sempre vivi sempre riu de mim...
A Grande Bacia com suas descidas que também são subidas,
Não me permitia esquecer que a Vida é mesmo assim:
Uma constante montanha-russa com suas vindas e poucas idas...

Meu berço esplendido tão agradável e arborizado,
Também se mostrou minha eterna sepultura e prisão...
Meu corpo limitado e tão cansado aqui jaz enraizado,
Sempre acima nos morros, só viveria desilusão...

As primeiras palavras ouvidas foram as que ficaram na memória:
Os gritos da mãe ecoando suas pragas e calorosas maldições...
O pior da Vida declarou de boca cheia para que assim fosse minha história,
Decepcionei-a quando simplesmente me tornei a maior de suas contradições...

A Igreja era disfarce - Inquisição pregando a Liberdade em Jesus...
'- O Mundo é um lugar ruim, nada me convém e tudo é pecado!'
Com a carne assim condicionada, tudo era, então, trevas e busquei a Luz,
Para isto, me rebelei: tornei-me a ovelha que saltou sobre o cercado!

A mão fechada em punho foi sempre a benção da fada madrinha...
'- É minha vergonha, maldita! Vagabunda inútil, não terá futuro!'
Talvez a fada errasse o mantra e fosse frustrada por nunca ter a mágica varinha...
Mesmo assim funcionou: minha vida é um permanente esconjuro!

O Universo Dualista habita e agita-se aqui dentro de mim...
Sou mesmo bem maléfica, quanto sou tão bondosa...
Aqui dentro há tantas trevas, mas também uma centelha sem fim,
A busca por virtudes transformou a centelha em prisma - jóia preciosa!

Desgarrada é - leoa em pele de cordeiro - desviada...
Renunciou a crença, a igreja, os dogmas, a mãe para aceitar a Vida!
Espírito desatrelado e indomado, órfã e transviada,
Ovelha Negra, decepção ambulante, doída ferida!

É tentador olhar a pele branca envolvendo o pulso...
Irei rasgá-la e encher uma taça para que bebam do meu melhor prazer?
Enquanto eu ainda de minha própria casa não me expulso - convulso -
Longe do rebanho sigo me satisfazendo em 'Ser'...



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Ovelha Negra de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.

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