Fuga

Fugi de ti...
Como quem foge de si mesmo.
Se eu não sair andando sem rumo, 
Acelerando os passos,
Sem destino,
Apenas indo...
De alguma outra forma vou fugir...

Eu sonhei esta noite que te escrevia...
Não sei se justificativa ou era um
Apelo desesperado...
Sonhei que te escrevia que fujo.

Eu não sei lidar com tudo o que sou...
E é mais fácil crer que não exista quem saiba...
Porque se houver,
Talvez sofrerá... Eu sofro por ter que lidar comigo...

Eu fujo e me escondo...
Me serve qualquer buraco... Talvez como quando criança,
Me sirva uma caixa,
Ou quem sabe um espaço dentro do guarda roupas...
Eu já não caibo mais debaixo das camas de hoje em dia...

Sou ilha e também ostra...
E que pena...
Eu queria ser grata a alguma coisa por eu ser eu...
Ao mesmo tempo... De que adianta...
O mundo a minha volta é uma distorção sem sentido....
O modo como as pessoas se comportam são
Ciladas, armadilhas, buracos escondidos no chão
Vazios...

Eu sempre fujo quando quebro
Minhas próprias regras e minhas próprias crenças...
Sinto vergonha de mim mesma, por mim, 
Por trair-me...
Sinto vergonha de mesmo que
Por um instante
Seja como qualquer um
Através de um pensamento pequeno...
Mesquinho...

Então, fugi de ti
De vergonha...
Nasci nesta vida para alcançar a dádiva de encontrar-te...
Encontrei-te...
Viveria, a partir de agora, em minha ilha,
Fechada dentro de minha ostra,
Apenas para não fazê-lo sofrer...