Destaque para outras Almas Nuas

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Nada vem do Nada

 


Eu nunca analiso pessoas com quem eu tenha um forte vínculo afetivo, principalmente namorados. Será que, se eu mudasse isso, sofreria menos, me decepcionaria menos? Mas, afinal de contas, quem eu penso ser? E se sou eu quem faço sofrer ou quem decepciono?

Uma coisa é o outro usar esta técnica de mudar a posição na discussão da relação, outra são fatos. Sou capaz de confessar que o mesmo sofrimento, decepção e rejeição que sofri, também posso ter cometido.

Quando faço uma análise, é como descascar uma cebola, tirando camada por camada para chegar ao inconsciente da pessoa. O que fica na superfície nos engana muitas vezes...Absolutamente tudo é consequência de algo... Na mentira contada, um motivo se oculta no inconsciente, normalmente relacionado a algum medo ou profunda insegurança. Na ilusão despertada, apenas a necessidade de sentir-se importante, grande, desejável. 

A maldade também sobrevive de reciprocidade. E de repente, me dou conta de quantas vezes fui injusta com alguém. Se a injustiça veio sobre mim, não será uma consequência da injustiça que um dia cometi? É mais fácil amar todos do que odiar todos,independente de nossos conceitos pessoais. É melhor fazer o outro sorrir do que fazê-lo chorar, sem levar em consideração o merecimento ou não. 

Clamamos por justiça e somos tão injustos.Vivemos convencendo o outro de que está errado para que nós possamos nos sentir certos e aplacar o peso da consciência. Certo e errado, certo ou errado... Isso de fato existe?

Existe o modo como queremos que tudo seja!



segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Involução


 

Comecei a usar  internet em 2000, com o único intuito de continuar com o ativismo, já que eu não podia mais comparecer in loco. Eu realmente ficava impressionada como aqueles que levantavam bandeiras, estavam tão dedicados as causas, fossem uma minoria. Pensava: "Como o óbvio precisa ser dito?".

De lá pra cá, ainda me impressiono - e do lado ruim do sentido da palavra - devido a triste constatação de que ano a ano o ser humano involui. Mas, para sermos justo, vamos definir aqui o que são os seres humanos.

É mais fácil ser ateu a seguir uma regra moral, ou ter algum senso? É preciso ter uma religião para saber como se colocar no mundo e em relação aos outros?  É preciso definir e, em muitos casos, tornar lei o que é óbvio e deveria ser impulso comum ao ser humano? Quando alguém é filmado salvando um animal ou alimentando um morador de rua, por que tanta comoção se estas, são atitudes espontâneas em seres humanos? Bem... Não preciso acreditar em um D'us para acreditar na Alma e é ela quem faz a distinção do que é um ser humano de fato ou o que é apenas o maior predador em toda Terra: o mamífero bípede, supostamente classificado como racional, que possuí mais predisposição instintiva do que qualquer outro animal. Philip Low, neurologista, em sua Declaração de Cambridge afirma juntamente com outros profissionais que sim: os animais possuem consciência, portanto, com base nesta declaração, dizer que o mamífero bípede torna-se o único animal que não possuí consciência, é válida.

Seres humanos são indivíduos providos de Alma: a Essência da Vida. Sendo assim, estes irão possuir virtudes. Por estas Almas estarem em um corpo de um animal, a imperfeição não será possível. Viverão em constantes conflitos internos quanto ao certo ou errado, devo ou não devo, sim ou não. As virtudes são responsáveis, por exemplo, a tornar um indivíduo pacífico... Ou consciente! Em absolutamente tudo, ele não será movido por um impulso instintivo: para um ser humano o sexo é um ritual sagrado entre dois que possuem um elo afetivo verdadeiro. Para o indivíduo instintivo, apenas a necessidade de aliviar a satisfação de seu falo através de um coito, seja do jeito que for.

Temos caminhando entre os seres humanos animais instintivos que possuem a mesma aparência do ser humano, mas, seu comportamento revela o animal, que diferente de todos os outros, não evoluí e nem se adapta, não possui real identidade, não possuí um propósito e nem se importa em contribuir para o crescimento da Sociedade Humana (e não da população).

Meu espanto, é que está espécie tão semelhante aos humanos, se prolifera. Alguns, nascem assim ou em determinado momento da Vida se revelam assim? Parece que cada caso um caso, mas, é no comportamento que está claro sua existência. São manipuláveis, condicionáveis: se sentirão infelizes devido a isto mas, se submeterão porque são um jazigo de sentimentos e emoções ruins.  Não possuem um real prazer na Vida, pois, todas as suas escolhas tem como base o impulso instintivo.

Não podemos então, considerá-los seres humanos de fato: são outra espécie que surgiu e ninguém se deu conta. Eles não quebram a moral, os tabu, os conceitos, as regras e as leis por serem rebelados, anarquistas ou revolucionários. Fazem isso porque o instinto necessita de todas as normas no chão para serem o animal que são.

Eles podem ter altos cargos, exercer alguma profissão, toda fachada de um ser humano como qualquer outro, mas são disfarces, pois, sempre e sempre, haverá em seu comportamento algo que o denuncie como não humano. Não, não estou falando especificamente de psicopatas, embora eles façam parte desta espécie: não há consciência e se tiver alguma, ela irá definhar. Não há noção e bom senso. Não há Alma e se há, ela vai morrendo.  Além de predadores, a lei que predomina em suas Vidas é somente a da sobrevivência. Mesmo em um aparente momento de lazer, por dentro, não estão em lazer, muito menos felizes por isso.

São eles os responsáveis pelas guerras, pela maldade, pela privação,pelo sofrimento, por matanças, por enganos, por mentiras, pela hipocrisia, pelo brincar com Vidas: eles só se importam com os próprios sentimentos.

O instinto é predisposto apenas ao que destrói e auto destrói. A Alma, transcende e mantem acesa a pequena chama de Esperança em mudanças e em dias melhores e ainda motiva os demais. Os seres humanos tornam-se minoria e, espero que esta outra espécie não seja dominante nem nos genes.





sábado, 9 de novembro de 2024

Constantemente Reflexiva

 Hoje houve a interação familiar, para comemorar o aniversário do meu segundo filho, foi alegre e divertida. Ainda assim, eu não conseguia relaxar: a mente sempre dá saltos quânticos, pensando no que tenho para fazer. Preciso editar o próximo livro, mas, estou focada em escrever outro. Esta dor que vem e vai ao ápice, me faz lutar para manter-me viva e torna propício que este outro livro seja escrito.

O poeta e o escritor - e talvez todos os artistas tradicionais - necessitam da dor para criar. Somos otimistas e enxergamos encanto e beleza em tudo. Sem dor, não enxergamos o mundo frio e caótico par descrever e transformar.

Sinto algo  que será saudade ou falta? Bom, na falta da minha bomba de chocolate, comprei Carolinas. Quando alguém parece ser insubstituível, não há outra pessoa para colocar no lugar. É saudade. Eu prometi que não iria me apaixonar. A paixão nos expõe ao risco de amar e amar nos torna fracos e vulneráveis. O botão "liga/desliga" sempre funcionou tão bem!

Se usufruirmos do direito nato de escolha e se o caminho sempre nos coloca diante de escolhas, absolutamente tudo pode ser escolhido. E as consequências da escolha, é única e exclusivamente culpa de quem escolhe.

Sempre  me deixaram ir, e quando resolvo seguir, não volto mais. Dificilmente alguém lutará por você, a não ser seus pais ou sua mãe e você mesmo(a). O resultado do teste que nunca aprovou ninguém... E eu simplesmente sigo e vou ficando cada vez mais distante...

Alguém disse que "Talvez, pra sempre seja sobre memórias e não sobre pessoas". Quando sigo e o meu "não voltar atrás" se trata de apagar a pessoa e as memórias sobre ela.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Desvalor

 Hoje no fim da tarde, repentinamente um inconformismo me tomou. Eu poderia ter passado esta semana muito mal, mas o sofrimento já me calejou  e se a consciência está limpa, ficar mal por que? Como sempre digo, a Vida se abre como um leque de possibilidades e vivências incríveis: o foco em uma única coisa é como caminhar como os cavalos com aquela peça de couro nos olhos...

Eu fui criada por meu pai para ser prendada, uma excelente dona de casa e mãe, enquanto minha mãe me ensinava Arte! Muito provavelmente ela sabia que minha Vida ficaria marcada sempre, como um estigma...Ela temia que tudo o que aconteceu com ela, acontecesse comigo, mas, aconteceu e pior.

A história de minha mãe e os homens que conheci me tornaram muito seletiva: eu sentia medo deles. Previsíveis, quando se aproximavam, era apenas uma coisa que queriam de mim. Ainda assim, como uma maldição hereditária, as mesmas coisas se repetiram e por muito mais vezes do que foi com ela. Sou grata que com toda a disciplina que ela me impunha e toda aquela rigidez excessiva, alcancei a compreensão de que ela só queria me proteger dos mesmos sofrimentos que ela viveu.

Na adolescência era hábito subir com um colchão de solteiro leve para a laje (a laje desta mesma casa que retornei), depois do jantar as 20:00 horas.Ás vezes, eu ficava ouvindo música, outras vezes, ficava ouvindo o silêncio quebrado pelos sons noturnos. Meu olhar se prendia e se perdia no céu estrelado e no horizonte. Eu acreditava que do outro lado havia alguém que também olhava as estrelas e o horizonte, desejando saber onde estaria a pessoa que amaria pela Vida inteira. Utopia adolescente... Não havia internet...O mundo é gigantesco.. Onde encontrar esse alguém e como esse alguém poderia me encontrar? E quando me deitava no colchão e olhava o céu, toda noite eu esperava ansiosa que uma estrela cadente passasse para fazer um pedido. E toda noite eu percebia uma e meu pedido era um só: encontrar aquele que me vez voltar para este mundo frio....

Eu perdi as contas de quantas vezes achei que me apaixonei. No primeiro defeito, na primeira tentativa de ultrapassar os limites, desfazia o namoro: sempre aquele comportamento padrão típico masculino. Apenas um namoro durou três meses e minha mãe insistia que eu me casasse com ele. Os outros, não duravam nem um mês. Eu queria casar virgem, não porque fosse moralmente correto: eu realmente acreditava que em algum lugar deste mundo, haveria alguém que me bastasse e que eu bastasse a ele.Eu desejava que minha primeira vez fosse uma entrega e esta entrega nunca aconteceu. Minha virgindade não foi entregue, foi tirada de mim.

Há algo de fabuloso no nosso cérebro e em nossa mente. Embora eu tivesse a péssima experiência com meu primeiro agressor, ninguém nunca conseguiu tirar minha virgindade. No pré- natal do meu primeiro filho, a obstetra constatou: eu ainda era virgem.Por eu ser mãe solo, ela decidiu marcar uma cesariana para preservar o hímen. Conheci meu ex marido com quem tive mais dois filhos que nasceram também de uma cesariana.

Talvez, não tenha rompido porque o Amor que eu esperava, nunca veio: casei devido as circunstâncias. Nunca será Amor quando o sentimento vai morrendo com as atitudes. Eu não fui feliz no casamento e quando meu filho mais novo se tornou maior de idade, fui atrás do divórcio.O sofrimento dos anos de casamento se tornou um tormento. Eu perdi tudo! Passei fome por tanto tempo que hoje, me acostumei a ficar sem comer.

Pra pagar minhas contas, ralei muito: desde crochê, artesanato, máscaras, telas a ponto de ter os calos na mão em carne viva, cobertos com fita crepe para que eu continuasse o trabalho. Quantas e quantas vezes pensei em me prostituir: afinal de contas, tudo o que os homens queriam de mim era me levar pra cama. Eu me lembrava da ótima criação que tive e da consciência que tenho sobre o que é honrar pai e mãe, então, trabalhava mais com a única coisa que sei fazer: Arte!

E de repente, já livre e solteira, vivendo minha Vida, vejo mulheres se expondo na internet e vendendo suas imagens para homens porque, assim como eu, precisam se manter. Não há nada errado nisso: eu não fiz o mesmo porque meus pais se preocuparam em que eu não chegasse a este ponto. Homens que procuram estas mulheres para ter a satisfação sexual, é comum e padrão. Eu já fui trocada pelo canal privê. Embora traída tantas vezes, ainda não era o bastante: a esposa que se desdobrava não era o bastante... Eles sempre querem mais!

Às vezes, achamos que há algo de errado conosco, que nós não somos capazes de dar real prazer. Não! O problema está neles! Vejo homens de todos os estados civis, iludindo mulheres para conseguir delas o que não podem pagar com aquelas que só tem como recurso vender a própria imagem. Pensamos: "Se formos como elas seremos tão cobiçadas e desejadas?". O Amor deseja ardentemente uma pessoa só: a paixão nunca acaba!

Continuamos esperamos o Amor,e vamos caindo nessas ciladas, enquanto tudo o que eles querem é uma fossa pra despejar seus fluídos: um corpo que possa tornar real o que está na imaginação e na memória deles daquilo que cobiçaram e não puderam tocar.

A mulher passou a entender que sexo é Amor. E quando ela está com seu parceiro é um modo de demonstrar o mais sublime Amor, mas, é na parceira que eles estão pensando? É no Amor?

Quando o tesão vem, não é com o nosso prazer que eles se preocupam: é com o do próprio pênis...


Uma hora enche...

 A gente cansa! Da humilhação, da vergonha, do dito pelo não dito, da mentira, da fachada, da desonra, da incapacidade de executar com honra, das coisas ruins que tudo e todos nos fazem passar, do injusto, da miserabilidade no trato de emoções, sentimentos e do pouco que vai ficando de humanidade em nós.


Se nos dedicamos a uma pessoa só, perdemos por não nos darmos conta do quanto vamos nos anulando. Você perde a voz para o grito de socorro, para o canto, para se fazer compreender, para a expressão. De alguma forma paramos na sarjeta. Se nos dedicamos ao coletivo,não é muito diferente:eu deixei definitivamente o ativismo.

Como acreditar em um Deus que deu Vida a um pedaço de barro, espalhando- o aos montes e cada um que cruza nosso caminho, vai levando um pouco de nós.

Não acredito mais em nada nem em ninguém: uma única pessoa é capaz de fazer isso, quem dirá várias e várias, as tantas várias que passam por nosso caminho e os rostos desconhecidos que passam por nós. A única coisa em que consigo acreditar é na centelha de luz ainda acesa em alguns, feito brasa.


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Sem ti, Saudade...

 



Sentir falta, sentir saudades, só mensura a dimensão da importância e valor de uma pessoa pra nós: não que sejamos o mesmo para o outro... O passar dos anos ensinou muita coisa. Desaprendê-la é regredir. Ficar mudo não muda nada: o silêncio diz o suficiente.

Eu te levei â sério demais, eu abri meu coração e minha Alma, eu te trouxe para minha Vida e agora, não ficou nada porque nunca houve nada: era eu quem nutria os melhores sentimentos e só eu. Ouvi muitas pessoas falando sobre você e o sigilo me fez apenas ouvir calada. Você foi chamado de "homenzinho" à "narcisista sem noção da própria pequenez". E eu... Eu me mantive muda assim como você está, porque eu sei honrar pactos, e você? Pelo visto, só eu enxergo sua grandeza, esta que nem você mesmo enxerga...

Eu dou as costas e sigo, sabendo que apenas uma coisa me faria parar no caminho ou voltar atrás. Apenas uma coisa... Mas sigo... Em paz, com minha consciência tranquila, porque tudo que fluí de mim, ficou dentro de mim: nunca chegou à você porque não era pra ser.

Vou seguir. Porque eu e quantas mais existirem, jamais serão o bastante pra você, mas, o simples fato de saber que você existe, me basta.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Invólucros



Seu corpo: este invólucro que aprisiona a Alma que insiste em voltar pra casa..."Aqui não é meu lugar!" - ela diz. Apenas do corpo: a terra tornará! 

Estou nua, observando e tocando cada centímetro do meu corpo, cada cicatriz, cada mudança... Eu sei da história de cada uma, só eu e mais ninguém.Apenas na perna há várias linhas e contornos incrivelmente lindos de perspectivas diferentes Faço isso desde a infância, então, eu assisti meu corpo mudar e continua mudando. O corpo é algo fenomenal, independente de cor, tamanho, idade... É de uma complexidade incrível: uma máquina de carne cuja função é manter a centelha de Vida, a Alma, aprisionada neste corpo e pra que? Pra fingir publicamente  prazer com um pênis de borracha é que não é.

Eu perdi a esperança na Humanidade e isso inclui a mim.Cada parte do meu corpo diz que nascemos capacitados para coisas grandiosas, mas, tudo é de dentro pra fora, sabe? Uma Vida estudando Psicanálise me deu muito Conhecimento, mas, não me fez apenas compreender mais: me fez enxergar ainda mais!

Que atraso e que visão rasa olhar para um corpo que tanto evoluí e reagir a ele como se sua única função fosse a cópula: eis a prova de que tudo é de dentro pra fora! A o cérebro é raso - sem uma mente em contínua expansão - quando é mais fácil que o mamífero bípede instintivo seja dominante....

Lááá no início deste blog, eu disserto sobre o real significado sobre os frutos da carne e os frutos do espírito, que eu chamo de Alma. Dizem que o corpo já nasce com pecado, porque esse pecado na verdade seriam os impulsos instintivos, sendo que os vícios são a rendição aos exageros. Sendo assim, o corpo e o cérebro cujo instinto é dominante, geram coisas ruins, más e que nada acrescentam realmente. É da Alma que surgem as virtudes e como elas estão cada vez mais raras de se ver!

Não, não tenho religião, não sou moralista: sou humana como qualquer outra pessoa, cheia de imperfeições como qualquer um. Estou querendo compreender! Mas, como fico completamente decepcionada quando vejo uma mente brilhante se render a seus instintos primitivos e ainda não conseguir dominá-los! As mulheres - não são uma maioria - continuam evoluindo enquanto os homens ainda estão nas cavernas, brincando com as sombras nas paredes ou competindo pra ver quem urina ou expele sêmen mais longe... Que decepção!

Volto a me sentir suja e com vergonha, por acreditar que havia encontrado um espécime evoluído...E o que o corpo tem a ver com tudo isso? Tem a ver com olhos que não podem enxergar além de onde podem ver. A maioria das pessoas só conseguem enxergar até a pele, o corpo...É assim que o respeito acabou, a consideração acabou, não se consegue confiar em ninguém, sentimentos e emoções não são levados à sério, as pessoas vão sendo machucadas e cada vez mais incrédulas até que se apeguem a alguma ilusão para dar sentido a Vida que não ganha sentido: se perde...

O sexo é um ritual sagrado de transcendência do Amor mútuo... Vulgarizá-lo, ainda mais publicamente com termos chulos é  degradante e um ser em involução que não, não terá sucesso porque a mente está limitada no cérebro do animal.

Sua beleza nunca esteve no seu rosto ou na sua face, muito menos no seu corpo. Até onde foi permitido, a real beleza fluía de dentro de você! 


Palavras

 


Certa vez, meu ex marido me disse palavras que me impactaram, foram lá dentro de mim: "Pare de tentar conseguir a aprovação da sua mãe!". Eu era bem consciente de que nunca tentei fazer isso: nossas incansáveis discussões sobre minha rebeldia em não seguir o caminho que ela queria traçar pra mim, provava isso, caso contrário, teria vivido ao modo dela e não do meu. Ela falava, falava e às vezes, eu ria então ela gritava e gritava, sem saber que meu riso era porque eu a aceitava do jeito que era e pensava e isto só era possível porque eu me aceitava. O Amor torna possível a auto aceitação, mas também, acha que sabe o que é melhor para o outro.

Mas, como uma eterna estudante de Psicanálise, fiz uma auto análise, porque o impacto destas palavras, escondiam algo que estava no meu inconsciente. Nasci diferente... Por um ano durante o pré- primário, fui observada e avaliada pela psicóloga da escola: eu nunca estava em grupos. Era vista afastada de todos, correndo e pulando entre os arbustos, ou sentada entre as raízes expostas da Paineira. Não, eu nunca fui dependente da aprovação de ninguém... E até hoje, é assim! Prova disto é que ainda escrevo em um blog quando fazer vídeos se tornou tão popular.

Anos depois, no ginásio e nos anos que se seguiram, eu até fiz parte de grupos, mas, sempre era a diferente. A do contra? Não, a assumida! Enquanto minhas amigas se rendiam a onda New Wave, eu era hippie, enquanto queriam ouvir Menudo nas aulas vagas, eu pedia pra tocar The Hollies...Eu já tinha horror a esta coisa do Modismo... Todos tinham que usar o uniforme escolar típico da época, eu observava e ao mesmo tempo que mesmo com o uniforme todos eram únicos, havia a insistência de serem iguais através do modismo...E eu observava...

Quando havia um novo integrante em um grupo, aquele aderia a imagem que os demais tentavam passar.De repente, lembro-me de uma propaganda da Hering que dizia que a camiseta era uma forma de expressão. Sim, sempre foi e sempre será, mas, o que eu enxergava não era uma forma de expressão, mas, de pertencimento a um grupo, uma tribo...

É preciso muita dependência emocional, baixa estima e falta de amor próprio para a necessidade em ser aceito, adequado ao bando, aprovado, e isso, eu nunca tive. Ninguém compreendia meu modo de ser, vestir, maquiar nos anos 80/90: ia contra o que todo mundo aceitava e usava como referência de aprovação.

Você tem noção da proporção do "não estou nem ai"? É...Assim era e ainda sou eu. E a conclusão da auto análise? Nunca fiz o mínimo esforço ou sacrifício algum para ser aceita ou aprovada: bastava que eu me aceitasse! Então, porque a frase do ex me impactou? Porque muitas pessoas podem ter achado que eu estava meia que atrapalhada tentando pertencer a alguma tribo, quando na verdade, eu tentava me encaixar no mundo!

Mundo que eu digo é a Sociedade.... Formada para uma maioria que se submete, que se anula, que é manipulável, que é condicionada em troca de ser aceito e aprovado. Eu nunca trabalhei minha imagem ou meu comportamento para conseguir me encaixar, mas, usei meus recursos para conseguir isso, porque estou dentro dela, mesmo não pertencendo a ela.

Estas insistentes transições e formas de me adaptar foram ótimas vivências, riquíssimas de aprendizado. E o que descobri? O mundo que se adequasse à mim ou me aceitasse como nasci pra ser, porque toda vez que tentei me encaixar, houve a imposição de que eu fosse moldada, podada e deixasse de ser quem sou.

E quer saber? Ninguém, absolutamente ninguém consegue viver e muito menos ser feliz se não for quem nasceu pra ser!

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Somos como as Araras

 



Eu soube o quanto você é atento ao que digo, quando me enviou esta mensagem... Não fazia muito tempo em que eu havia dito sobre minha ideia do que seja o Amor. O Amor só acontece uma vez na Vida, assim como é com as Araras: elas viverão juntas até que um morra e, em seguida, o outro morrerá pela falta de seu companheiro(a). A relação das Araras é a mais monogâmica e fiel que existe! 

 Passaremos a Vida acreditando por várias vezes ter encontrado o Amor até que, por qualquer motivo, todo sentimento ou emoção desaparece.Viveremos relações até que duradouras, e por alguns anos acreditaremos que enfim seja Amor, até que os problemas cotidianos passam a ser o assunto constante, as cobranças franzem a testa, a falta de sintonia desconecta a frequência, o tom passa a desentoar a melodia e o ritmo de momentos que poderiam ser a mais pura expressão de Amor mútuo! Mútuo...

Há uma unidade linda no Amor verdadeiro: se é um só, sem perder a própria individualidade. O Amor liberta e não o contrário! Se é um do outro, não por posse, mas, por pertencimento: porque de tão mútuo, de tantas semelhanças, e até partes tão iguais, há uma fusão mega atômica como se dois Universos similares se unem-se para formar um só! Eu posso continuar sendo eu, você pode continuar sendo você e sempre seremos nós! Não há Amor em tentar mudar o outro: aceitar assim como é, é Amor!Nos sentimos mais fortes quando amamos e nos sentimos mais corajosos quando somos amados: nada pode ser um obstáculo em nosso caminho a não ser o querer, e quanto querer cabe na distância que nos separa...

Não importa o que seja interessante pra você: será para mim também porque seus interesses fazem parte do seu universo! Não importa quão bobo possa ser meu modo de enxergar a Vida e o mundo: você sentirá motivos incompreensíveis para rir!

Assim como foi o quebrar do silêncio, rompendo-se em um espetacular som da Sinfonia da Vida, a chuva passou a ser ainda mais formidável, o verde da Natureza sempre será um recado do convite de comungarmos com ela, no céu limpo vejo arco íris que mais ninguém vê, e o Vento traz sua voz tão terna!

Em algum momento parou para pensar em nossas perversões, na dimensão de nossa rebeldia e afronta diante das regras morais e sociais? Já refletiu que independente de qualquer situação, nunca fomos tão livres e como sempre seremos?

A Vida nos moldou, amassou, ensinou... Sofremos, perdemos, crescemos, amadurecemos e nos mantemos crianças crescidas... Tudo para este momento... Para estarmos prontos um pra o outro!

Para Moze
De Moze

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Corpo Perfeito



Me auto analiso: tenho vergonha do meu corpo. Eu deveria ter consciência de que sou uma mulher de cinquenta e três anos, com um metro de cinquenta e sete,  que teve três filhos que cresceram à vontade no meu ventre, me deixando com a barriga imensa que mal podia dar conta do peso: meu filho mais velho nasceu com mais de cinco quilos. Tarefas do lar, criar filhos, cuidar de marido, tarefas e mais tarefas: o foco sempre na família e menos em mim. Não relaxamos: não temos tempo suficiente para nós. O "efeito estufa" e a lei da gravidade pega todas as mulheres. Nas discussões com o ex marido, ouvia muito a frase "Você está um bagaço!". Quem me sugou?

Mas, faço uma regressão para anos antes e eu também tinha vergonha do meu corpo, embora ele fosse perfeito: o corpo de japonesa com as nuances do corpo das brasileiras. Não conseguia ficar nua nem diante de minha mãe.  E apesar de crescer ouvindo tantos elogios, eles não me convenciam: eu me achava feia.

Eu também passei pela fase em que desejava ver um brilho nos olhos de um homem ao perceber a minha existência... Eu também dava a última espiada no espelho pra ver se estava interessante o bastante pra chamar a atenção de alguém. A fase passou muito rápido, talvez, porque eu não fosse vaidosa o suficiente para manter estas preocupações. Talvez, porque a introspecção me ensinou cedo que tudo é de dentro pra fora: a suposta beleza não significa nada se você não possuir conteúdo... Ainda assim, diante de um homem, me sinto envergonhada com meu corpo. Mesmo sabendo que uma mulher que envelhece sem nunca ter um filho, irá envelhecer com um corpo "inteirão". Idem para as mulheres que tiveram apenas um filho: é à partir do segundo filho, na maioria das mulheres, que o corpo se deforma.

Mas, se quando eu tinha um corpo de causar inveja, já tinha vergonha, a questão não é a aparência dele, mas, da estima. Mesmo eu sendo alguém que não está nem ai para a opinião alheia, quando o assunto são homens, o modo como eles me enxergam e a opinião que possuem à meu respeito, me incomoda, mas, não o bastante para deixar minha estima igual a um capacho. Ai chegamos no ponto que me intriga... Instiga! 

Esta lá no inconsciente feminino a ideia fixa de que ela precisa estar em um padrão e ter a aprovação masculina. Está enraizado em nosso DNA e no meio em que nascemos e a ideia, é passada de geração para geração.

No esforço de agradar, a mulher sempre está insatisfeita, porque não alcança a sua meta da forma como deseja. Ela quer ser o sol na realidade do homem, quer ser única, quer ser superior e melhor as demais... Talvez por isso, vemos tantas mulheres competindo umas com as outras..

A mulher, o ser castrado que deseja o falo: o pênis. A última palavra, o poder, a força bruta é de quem possui um pênis...Ela só pode tê-lo através de um homem. E os homens sempre estão satisfeitos porque possuem um falo....A mulher, parece não  compreender que ela nunca vai poder ser o pênis de um homem e que todo o impulso sexual é satisfeito para e pelo pênis e não para e pela a mulher... Isso só muda quando um sentimento é a força de atração. E ai, não é o corpo, não é a imagem, mas é o modo de ser, é como enxerga e interpreta o mundo, é como se aceita, como é desencanada, como encanta e dá uma outra perspectiva bem melhor sobre tudo... Prova disso são tantas beldades - inclusive famosas - traídas ou trocadas, não por uma imagem melhor, mas, por uma mulher!

Simone de Beauvoir bem que disse: não se nasce mulher, torna-se mulher! Parir, não faz uma mulher. Um corpo exuberante e cobiçado não faz uma mulher. Ser uma "mulher Lego" - toda montada como um Frankenstein siliconado, também não.Uma mulher é um ser transcendental e um Universo complexo!

Certa vez, um amigo me disse: "Conheci uma mulher linda, perfeita do tipo capa de revista! Levei-a para jantar e ela não tinha assuntos interessantes, mostrando uma futilidade medonha. Mas o pior foi quando a levei ao motel...Ela transava mal pra caramba! Eu brochei ao ver ela atuando as mesmas ações que vemos em filmes pornôs. Não consegui levar isso enfrente... Ela à primeira vista era linda e perfeita, mas, não tinha brilho, não havia hormônio suficiente, sabe?".

E de repente, eu não tenho mais vergonha do meu corpo. E apesar da flacidez resultante de um emagrecimento constante, da perda de massa muscular e as tantas estrias que me trazem a terna lembrança de meus filhos em meu ventre, meu corpo é perfeito: tenho o tronco, dois braços com mãos e todos os dedos. Tenho duas pernas que, modéstia à parte: acho lindas! Tenho todos os órgãos e como sou grata que meus seios caídos não possuem nenhum nódulo ou tumor! Sim, meu corpo é perfeito! Todo corpo é!



terça-feira, 15 de outubro de 2024

Agendas Queimadas

Eu leio e escrevo desde os cinco anos de idade. Pouco antes da puberdade, passei a escrever meus pensamentos e sentimentos em agendas velhas. Quando me casei, reli a revolta da minha adolescência auto destrutiva e sem guia: eu ainda era a mesma criança, mas meu corpo, não. Senti uma tristeza tão grande pela adolescente Shimada, que tentava se salvar fazendo voluntariado em hospitais e asilos, em vez de fazer o que todo adolescente fazia... Eu queimei todos eles em uma imensa fogueira, acreditando que o fogo fosse consumir o que ainda existia dentro de mim. Me enganei... Os elementos da Natureza nada podem fazer: só nós mesmos...

Em 1997, voltei a usar agendas velhas, depois de comprar um nova e deixá-la lotada! Estou olhando pra elas neste momento... Eu as escolho aleatoriamente para escrever começando com "Sem Data Para Ser Eterna"....Escrevo para meus filhos e à vezes, para os netos que ainda não tenho. Não escrevo nelas há muito tempo: não quero repetir as tristezas das agendas queimadas... De 2016 pra cá, o que pensei que seria minha libertação, se tornou um inferno que parece que não tem fim... Ai eu escrevo...Por metáforas em poemas sem métrica e desobedientes às regras de compor: tem que ser assim, como eu sou.

Quando a quarentena da Pandemia começou, eu já vivia a mais ou menos quatro anos em isolamento. Há dois, eu parecia viver em cárcere privado. Dizem que não existe merecimento ou punição: existem consequências! A consequência de tantos anos fechada dentro de casa por medo, resultou em cinco gotas de vitamina D que devo tomar para o resto da Vida. 

Eu tive COVID por duas vezes, em nenhuma fui para o atendimento médico, mas, as sequelas do fim do meu casamento foram bem piores.... Eu vivi uma Vida esperando a Morte Súbita sem me dar conta que eu já estava morta, como o decreto que trepidou com o martelo da juizá me dando dois anos de pensão alimentícia - o "suficiente" para recomeçar a Vida que anda não consegui recomeçar -  mesmo perdendo a casa que ajudei a pagar. É... É uma história digna de novela das nove que não vou contar aqui porque é massante, tamanha as injustiças e mentiras. Me contento com as consequências dos atos de cada um.

Um dos temas mais frequentes nas agendas queimadas era a sensação de não pertencimento: de me sentir no lugar errado, no planeta errado, na casa errada (e olha eu de volta pra casa que eu achava ser o lugar errado). Eu ainda sinto isso...Eu não consigo caber em lugar nenhum, em ninguém... Eu não falo, por ter a certeza de que não serei compreendida ou serei interrompida com um discurso "motivacional pessoal". 

Três meses antes de minha mãe voltar as idas e vindas ao hospital e que culminaram em sua morte, ela ficou comigo me dando a honra tão esperada de cuidar dela. Desalojei meus filhos do quarto deles e os coloquei na sala para que minha mãe tivesse um lugar tranquilo e reservado. Ali eu dormia com ela. Ela não tinha mais o funcionamento normal do relógio biológico, não conseguia sentar: eu tinha que dar comida em sua boca. Dormia com ela porque ao longo da noite, subitamente lhe vinha a vontade de ir ao banheiro: era preciso quase que carregá-la. Ela pedia desculpas por me acordar com frequência e eu, a fazia rir lembrando as tantas vezes que a fazia levantar para me levar ao banheiro ou me dar água.

Em uma destas noites, ela me disse: "Me perdoa!". Eu lhe respondi em tom de brincadeira: "Mas, de novo? É a segunda vez na minha Vida que a senhora faz isso! Posso te cobrar mais vezes, hein?". Então, ela me disse o que finalmente me explicou: "Me perdoa porque não te conhecia! Eu não conhecia minha própria filha! Eu não sabia que você era assim!".

Não importa o quão sincera, transparente, explícita eu possa ser: ninguém nunca vai realmente me conhecer e não culpo ninguém, afinal, nem minha própria mãe, tão presente, me conhecia.... Meu filho mais novo ficou perplexo, certa vez, quando uma amiga que estava com ele, aceitou ser babá de última hora. O bebê estranho o ambiente, sentiu falta da mãe. Meu filho pediu socorro e eu fiz o que deveria fazer. "Eu nunca imaginei que um dia veria você fazendo isso!". Disse a ele, rindo, que eu fiz com três filhos! Meu filho não me conhece. Estudei a Vida inteira para me conhecer enquanto ninguém me conhece...

Eu só falo da minha Vida particular se isso acrescentar de alguma forma a alguém, caso contrário... A minha história está na mente das pessoas que conheceram um pouquinho de mim.

Queimar as agendas velhas de nada adiantou. Nelas eu constantemente me perguntava "quem eu sou?" ou "o que vim fazer neste mundo?". Só eu sei quem eu sou e o que vim fazer... Só eu!

Ignore a responsabilidade por ter cativado e mande embora...

 Quem inventou a afirmação que "Não se deve jogar ao outro a responsabilidade de sua felicidade"? - talvez, seja um invenção como manga com leite ou o Boto-Rosa....Talvez, uma mente rasa cujos pensamentos, raciocínios produzam uma nata e é isto que é usado... Talvez, quem criou a ideia de responsabilidade afetiva! Talvez, estas ideias furadas tenham criado e alimentam o individualismo e o egoismo... Eu serei ainda mais Ilha se acreditar em tudo isso!

De alguma forma todos estamos conectados! Todos vivemos diariamente algum tipo de relacionamento: do porteiro até o dono da empresa. Relacionamento "de trabalho"... Como assim? Que tipo de sentimento existe quando trombo todo santo dia com o amigo e trabalho com ele? Tornamos a empresa uma potência maior!Relacionamento é relacionamento assim como Morte é morte: não importa do que morreu, é morte! Não importa que tipo de relacionamento, relacionamento é!

Existe uma hierarquia nos relacionamentos... Cada pessoa está em um nível de importância... Ou o relacionamento é o mais importante? Ai, ai.... Somos todos tão hipócritas criando mentiras e ilusões pra nós mesmos o tempo todo, não?

Hoje na aula de Psicanálise e o tema"o que forma um analista", um dos temas foi a escuta: escutar, é isso que nós fazemos! Minha participação foi mencionar que me expresso demasiadamente escrevendo, mas, não costumo falar: já aconteceu de ficar uma semana muda e até me preocupei. É nato: é algo entre "não gostar" e "pra que?"....Também mencionei que acontece muito em corredores de supermercados, alguém se aproximar e começar com um "Nossa, como as coisas estão caras!" e de repente, a pessoa já está contando da própria Vida. E eu ouço!

Devo ter pego o prazer em ouvir o outro com papai que sempre contava histórias: cresci ouvindo histórias e talvez, por isso eu seja escritora....Na minha infância, ninguém tinha TV: a água era retirada do poço e a luz era de lampião. Não havia energia elétrica.  Não havia muros ou cercas também, então, os casais de vizinhos colocavam seus filhos na cama e vinham pra casa de meus pais, tomar um café à luz do lampião e contar "causos". Eu ouvia tudo com muita atenção, inclusive, como cada um contava sua história.

De repente, senti algo ruim por me comunicar escrevendo e não falando. Percebi o quanto ao longo da Vida ouvi e ouvi - ou li e li - centenas de pessoas. Mencionei em tom de chateação  que "sou um ouvido andante".... Talvez, seja isso que atraia as pessoas a vir até mim e falar, não importa onde, não importa que nunca tenhamos nos visto... Talvez por isso, eu nunca tive um confidente de verdade, até conhecer você! Às vezes, eu gostaria de ser ouvida com o mesmo interesse que ouço...

Olho para minha mão e esta suja de tinta: depois da aula, retornei para continuar a pintar as paredes. Ajeito a casa, como se a estivesse preparando para te receber, mesmo sabendo que não virá.

O que sinto, o que penso, minhas alegrias ou tristezas, nada disso é sua responsabilidade, nem culpa sua e nem é da sua conta: por que se importar?Ainda assim, sigo ajeitando tudo porque preciso de algo, não para me segurar, mas, para dar sentido a alguma coisa nesta Vida!

Eu jamais vou esquecer a voz de uma professora do primário, lendo um texto no livro de Estudos Sociais: "O ser humano nasce cresce, se reproduz e morre". Eu sempre pensava e ainda penso quando a voz dela ecoa na memória: "Que Vida mais besta!".

Não estou apenas pintando as paredes: no meu mundo cinza, diariamente me esforço para colorir tudo, mas, acabaram-se as cores. Ninguém é alto suficiente. Ninguém pode nada sozinho. O individualismo é a nova fachada para egoismo. 

De repente, vou registrar pela primeira vez na minha Vida, uma pergunta que sempre vem soando, submergindo lá do fundo, e eu sempre a freio por não saber a resposta: "Por que sempre sou punida por falar?".

Pouco a pouco, sutilmente, vou desaparecendo

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Vazio



O Otimismo levou um golpe certeiro

Se esvai o que sobrou de mim

Trazendo de volta a certeza de fim

Quando a certeza nunca chega primeiro...


Seria o Dharma este vazio, enfim?

O vazio que se expande e ferve feito vespeiro

O vazio branco, vazio, em silêncio verdadeiro

Quanto espaço o vazio vai preenchendo em mim...


A pena desliza sobre o papel inteiro

Está vazio o pote de Nanquim...

Estar vazio é algo ruim?

Sou eu um esvaziado tinteiro...



domingo, 13 de outubro de 2024

Decepcionante....


"Que decepção! Que decepção" - ecoa em algum lugar dentro de mim. Foi-se o tempo em que este eco determinava quem era decepcionante: eu sempre concluía que era eu. Hoje em dia isso mudou: sou bem consciente dos meus atos, sei bem o que faço e falo.Eu decepcionei a mim em que? Em ser tudo o que acredito? Em ser o que nasceu pra ser? Em apenas Ser?

Estou decepcionada com alguém? ...........Eu me decepciono com momentos em que acredito que fui surpreendida por algo novo e diferente...Não é um exagero: o que é surpreendente está em todas as formas e manifestações da Vida e da Natureza: além destes milagres constantes, nada nem ninguém consegue me surpreender.

Por que isso é importante? Bastaria focar-me nas encantadoras surpresas diárias da Grande Mãe, que torna possível que nenhum dia seja igual ao outro. Porque espero, assim como no choro do bebê que vem ao mundo ou no riso da criança ainda inocente, que alguém, mesmo com o passar dos anos, esteja preservando dentro de si, o encanto que só a Vida e a Natureza podem me dar....


Pinceladas...

 


Meia noite e trinta e um... Eu sigo pintando as paredes do meu cantinho...Comecei tarde da noite, sou assim: decido fazer algo, simplesmente vou e faço! Não sei esperar: esta é uma lição que talvez eu nunca consiga aprender. Imediatista! Por isso, ligo o ventilador para acelerar a secagem. Quero saber logo o quanto ficou bom! Exigente ou disciplinada? Só sei que em tudo o que faço, procuro fazer o meu melhor.

Cada pincelada traz uma memória ou um pensamento... Tudo de funde formando um redemoinho. O pincel desliza e penso se junto à tinta ficará o que penso ou o que sinto... Se ficará minha energia ou meu humor... Se terão ideia do que se passava dentro de mim enquanto eu pacientemente, desliso o pincel....

Pego uma xícara de café quente. Não, não afasta o sono: as preocupações sim e elas são tantas....Acendo um cigarro e desejo que meus pensamentos voem com a fumaça branca. Não, eles continuam aqui na mente: eles são como nuvens negras.Desvio o olhar para tantos livros na prateleira e me pergunto "Pra que?".

Não estou sozinha: Lupita, a minha cão guia, está comigo, sempre perto, junto. Dizem que Deus também está comigo - seja lá o que Ele for - e duvido muito: há anos tenho que aprender mais e mais a viver e ser sozinha. Acredite: ninguém vem te salvar quando você mais precisar.

Vivo cercada de pessoas que falam sem parar, que querem mostrar coisa, desabafar coisas, expressar coisas, contar coisas e eu, sou uma gigantesca orelha ambulante a nada mais. Não consigo me lembrar se sempre foi assim... Todo mundo acha que tem algo mais importante pra dizer, pra mostrar, pra contar... Todo mundo quer ser prioridade...

E você ai na madrugada, precisando dormir para acordar e dar sentido a sua segunda-feira, vive a fé que em algum momento alguém vira e se interessará pelo que você diz, pelo que você sente, pelo que você quer mostrar, pelo que você quer e não! Apesar de acreditar ser diferente de fé, talvez nem a fé possa mudar isso. Não virá ninguém. Não existe esse alguém. Só existe você mesmo(a) por você!

A dor maldita sempre volta como uma visita indesejada....Não, como uma barata que sempre encontra um meio de entrar...Ela vem e dói, dia após dia mais intensa...Situações indesejadas parecem ser atraídas por ela....E situações bobas se tornam tempestades e a dor dá um salto latejante!

Não tem ninguém pra te ouvir! Não há pra quem contar! Não há ninguém! E de repente, nem nos damos conta de que, enquanto os pensamentos parecem um riacho recebendo água da chuva, estamos falando conosco e também não nos ouvimos.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

E tudo tornou-se Vaidade.


 A primeira vez que li a frase do Rei Mago Salomão "Tudo é vaidade.", pude visualizar alguém que conheceu e viveu de tudo e nada trouxe real satisfação. Ele mesmo também disse que "O muito Conhecimento também causa sofrimento".

Se rei ou reles plebeu, se pobre ou rico, se bacharelado ou apenas técnico, se alto ou baixo, o que nos torna realmente humanos? Ainda vou além: não busque o sentido da Vida... Pergunte-se: qual sentido darei a minha Vida? O que estamos fazendo com nossas Vidas? O que é afinal, Vida e viver?

Dito isso, reflito na década de 70, época em que nasci! Grandes mudanças na cultura, comportamento, sociedade e política, começavam a acontecer.Grandes revelações e tragédias também. A luta contra a Guerra do Vietnã ganhou nova moldagem Flower Power e as imagens do Holocausto espalhavam-se no mundo. As gerações 70 e 80 foram privilegiadas em assistir tudo isso e foi assim que a base de muitos se formou. à partir da metade da década de 90, o Impulso Criativo foi definhando, raros eram as mentes geniais, cada vez menos descobertas apesar do avanço da Ciência e a memória encurtando, talvez por causa do avanço da Tecnologia....

Certa vez, meu filho mais velho comentou sobre algo que seu professor no curso de Sociologia discursou e que fez todos os conceitos que ele tinha até aquele momento, ruírem. "Vocês sabiam que absolutamente tudo o que vocês hoje podem desfrutar, todo conforto, avanço científico e tecnológico, esta Vida tranquila que vocês tem, iniciou-se há cinco gerações antes de vocês! Seus tataravós fizeram uma escolha e lutaram e trabalharam muito e esta foi a herança de seus bisavós, avós e seus pais! Muita dor, sofrimento, luta foram enfrentados para que hoje, vocês tivessem a vida que tem! Não importa a classe social: vocês são os herdeiros das cinco gerações passadas e são vocês que usufruem de tudo o que eles conquistaram!"

Eu disse, então: "A herança é tão boa, que esta geração não se preocupou em receber também a cultura, as tradições, os ensinamentos de Vida e isso, apaga a História!"

A geração 50/60/70 ainda continuam firmes: esta parte da herança que a nova geração dispensou tem dado longevidade a quem assistiu de perto tudo o que foi preciso para termos o mundo como é hoje.Estas mesmas gerações, mantém a chama Flower Power, em grandes ou pequenas causas - embora nenhuma causa seja pequena - não mais para que o mundo mude, mas, para que a Humanidade se lembre...

As gerações que presenciaram tudo o que foi preciso para que esta geração atual, continuasse à partir deles,  chama inconsequência de liberdade de expressão, a falsa individualidade em direito de ir e vir, e para se auto proclamarem "donos de si e que fazem o que querem" infringem a honra que os mais velhos merecem com o Etarismo...  

Preocupem-se quando alguém destas gerações disserem que perderam a fé na Humanidade. Preocupem-se quando está geração atual que não conseguiriam aguentar um terço do que nossos pais e avós passaram, continuem alimentando a Cultura Inútil...

Em pleno século XXI, o Holocausto não foi suficiente para aprendermos. As bombas de Hiroshima e Nagasaky não foram suficientes. A guerra do Vietnã não foi suficiente. A exploração de todos os níveis no continente africando continua porque tudo o que sabemos não é suficiente.

O Zimbábue, país do sul da África, anunciou que vai sacrificar 200 elefantes para matar a fome da população. A marionete americana chamada Netanyahu continua exterminando explicitamente diante dos olhos de todo mundo, culturas antigas na Palestina. A outra marionete, Zelensky, em seu mais conhecido personagem, insiste na guerra, obriga jovens à força para ingressar nas Forças Armadas. EUA e União Européia investem bilhões nas guerras enquanto suas populações estão órfãs!

A obsessão americana que insiste na Guerra Fria - hoje mascarada - gasta não só com guerras, como também na exploração espacial em busca de outro planeta para destruir, sem ainda se dar conta de que não vão encontrar! Nossa atmosfera é puro lixo espacial... O planeta é puro lixo de todos os tipos. As guerras causam um dano terrível à Natureza, assim como o descaso de Egos obesos insistentemente fazendo qualquer coisa por um poder que não existe.... A partir do momento que qualquer órgão internacional ou nacional precisa entrar em jogos políticos para tomar decisões óbvias pela Vida - não apenas humana - não há poder: há peças de um jogo de mesa de Cassino......

Pelo visto, a maioria das pessoas não tem ideia das mudanças que o planeta começou a realizar para sua auto defesa....E como poderemos mudar isso?

Só se pode mudar o mundo se cada um mudar...

 

domingo, 12 de maio de 2024

Na Própria Pele

 


Ninguém vê...
E só agora entendo 
E sinceramente, lamento...
Eu também não vi.


Não vi a luz solitária mergulhada na escuridão
Nem as lágrimas que rolavam quentes
Que tua mente era além das outras mentes
Nem a dor latejando no coração
Não vi...

Não vi os pensamentos perdidos
Atropelando-se entre entre planos e memórias
A frustração da ausência da vitória
Os sonhos que nunca foram esquecidos
Não vi...

Não vi os rasgos precisando de emenda
Das sutis trincas tornando-se rachaduras
De instantâneas alegrias guardadas em molduras
Nem dos trapos guardados para remenda
Também não vi...

Não vi a rainha descoroada
A praga... a decepção... a raiva... Dilacerante
Trocada por tão inexperiente amante
A honra sendo envergonhada
Não vi...

Não vi a rejeição dada de presente
Com mágoas ergueu uma muralha
Sem conseguir esquecer de cada abalo,nenhuma falha
Pouco a pouco apagou-se e ficou ausente...
Só então vi...

Que nenhuma história tem um fim
E que no vazio o fantasma reprisa
Causando arrepio de fria brisa
E se entende porque foi assim...

Os dois olhos sempre podem ver
Mas somente com a percepção
Pode enxergar um coração
E o mais profundo do Ser...

E vi...


Este trabalho está licenciado sob CC BY-NC-ND 4.0

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Saudade

 "Saudade" descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor. A palavra vem do latim "solitatem" (solidão), passando pelo galego-português "soidade", que deu origem às formas arcaicas "soidade" e "soudade", que sob influência de "saúde" e "saudar" deram origem à palavra atual.


Booommm diiaaa, precioses mais amadins!

Acordei sentindo saudade...Minha curiosidade levou-me a buscar a etimologia da palavra, e agora compreendo porque sentir saudade é algo tão difícil de explicar, mas, não difícil de discernir.... 

Existe a Saudade e dois enganos. Sentimos saudade do que foi muito bom pra nós, nos faz muita falta e não há nada que substitua: não acredite que ninguém é insubstituível, isso é papo dos Senhores da Escravidão.

Existe a Falsa Saudade: quando o desagrado de tudo na Vida atual, remete ao passado e se diz "antigamente era muito melhor!". Não falo aqui de questões de nível coletivo: falo da Vida do indivíduo que, insatisfeito com a própria Vida e frustrado por nada sair como gostaria, lembra, compara eventos semelhantes do passado e é mais simples e satisfatório para consciência, acreditar que "um dia isto ou aquilo foi melhor" em sua vivência... Claro que muito coisa do passado foi melhor, como o modo de vida, mas, a Vida ficou bem mais prática do que antes. Tendo ficado mais prática, deveria nos sobrar mais tempo, mas, todo nosso tempo é consumido pra diversas coisas e não é para viver!

A terceira e a última nem deve ser chamada em nenhuma conjuntura como saudade, mas, este é o sentimento que o indivíduo 'pensa ter': quando ele esta preso a um evento do passado e ali fica, como que em um loop de Tempo, revivendo, remoendo, sentindo várias vezes aquilo que foi sentido e não há mais porque sentir, porque tudo passa. Aqui, muitos indivíduos ficam presos ao luto, sendo que LUTO, não significa apenas a morte de um ente querido: está inserido no contexto e PERDA de alguém, o afastamento de alguém de quem se tem muito afeto, como o fim de um relacionamento, um amigo que mudou-se pra muito longe... Em resumo, é uma fixação em um momento do passado que causou alguma emoção ou sentimento ruim. Algo inacabado ficou represado..

Estas duas últimas são preocupantes e é preciso distingui-las do que se acredita ser saudade, pois, é à partir destes dois estados que distúrbios e transtornos podem surgir.

Vale lembrar que sentimos SAUDADE de tudo o que foi bom ou de quem nos foi importante: está ligado há várias sensações e lembranças boas.




terça-feira, 23 de abril de 2024

Moze... Sera... Se...



 Será que você sente a ponta dos meus dedos passeando em tua face?

Descendo em cobiça pelo teu beijo doce?

Será que percebe em meu abraço, um enlace?

Que embora tão distante, como tão próximo fosse?

*

Será que pensa em mim, assim como eu, com a mesma frequência?

Será que seu olhar fica vago, perdendo-se no nada, além?

Será que este encontro foi pura e mera coincidência?

Por que não há além de você mais ninguém?

*

Sentados a beira do arpoador velho de madeira, balançando os pés no lago

De nossos sonhos, mais um item que compõe nosso cenário imaginário

Ali, entre risos, silêncios, conversas surgem os afagos...

Inspirando o canto espontâneo, do escondido canário...

*

Em transe, por um instante, nossos olhos prendem-se aos círculos feitos das gotas

Da chuva fresca que nos faz correr, risonhos entre as árvores frondosas...

E em uma pausa, dançamos na chuva e rodopio até ficar tonta

Caindo em teus braços, na mais sincera entrega às carícias mais gostosas....


Este trabalho está licenciado sob CC BY-NC-ND 4.0

Sobre o Bem

 





Meu finado ex sogro - que a Fonte Original o tenha - me disse certa vez: "- Faça sempre o Bem! Não importa as circunstâncias, não importa pra quem, faça sempre o Bem! Porque, na verdade, você não ganha nada com isso, mas, se você fizer o mal pra alguém, pode esperar que o troco vem!"

Meu finado paizinho - que a Fonte Original o tenha - me dizia constantemente: "- Faça aos outros todo Bem que gostaria que te fizessem!".

Ambos estavam certíssimos em suas afirmações e levo comigo e coloco em prática sempre estas palavras. Da Vida não levamos nada: é o que deixamos que vale.

Eu fui muito afortunada nesta Vida, sempre fui cercada de pessoas sábias e algumas delas posso chamar de amigos(as). Não sei tanto quanto acham que sei: eu aprendo o máximo que posso. Ainda sou a criança que explorava o quintal dos fundos com deslumbre! A diferença pra hoje é que o quintal tem o tamanho do mundo e eu, só aprendi mais coisas e continuo aprendendo.

E como a criança crescida - mas que ainda sou - me pergunto sempre: - Por que essa predisposição a maldade, a violência, a agressão, a arrogância, ao descaso, a omissão, a ambição, a ganância, a destruição, brigas e guerras? Por que é tão mais fácil se voltar a tudo isso do que para o Bem?

Vício! Tudo isso gera substâncias viciantes e as pessoas se tornam viciadas nestas confusões, atritos, ódio... Lamento por vocês: o Céu é tão real quanto a Terra Prometida que nunca pertenceu ao povo que a roubou...


Ciber Ativismo: como funciona?

É o engajamento em prol a arrecadar fundos a quem está na ativa in loco. A Érica por exemplo, tem resgatado até o momento 69 jumentos que foram abandonados ou sofreram maus tratos.

Um pix, mesmo que seja em um valor simbólico pela causa dela ou a compra de um número na rifa, ajuda a manter o trabalho dela.




Minhas mais sinceras desculpas!

 "Eu creio que a bondade do mundo vai me ajudar a chegar lá!
Cris



Bom dia precioses que realmente amo! (se não amasse, pode ter certeza que ficaria apenas no 'bom dia')

Quero me desculpar em ter despertando tanta preocupação às minhas amigas eternas Rê e Cris: não subestimei a inteligencia de vocês, só achei que saberia ao menos uma vez na Vida, mentir. Até nisso fui um fracasso esta noite...

Desculpas ao Gé e ao Reginaldo que sei o quanto sentem por mim: meus amorzinhos.

Vamos direto ao ponto: estava à pouco mais de três semana suportando a dor interna. Eu a tenha desde a infância. Para muitas pessoas, ela se chama depressão. Para mim se chama hiper empatia, o que irá desencadear depressão. A dor interna é inexplicável. Eu que estudo por toda Vida a Psicanálise, constato sempre, que nem sempre é um assunto inacabado em nossas Vidas, oculto no mais profundo de nosso ser. Quando esta dor vem derivada da depressão, pegamos aquela 'nata', nossos dilemas mais evidentes, e usamos como justificativa para a dor. Nosso consciente mergulhado em dor precisa de uma desculpa para a explicar sua presença.A bem verdade é que, normalmente, a dor é exatamente como é relatada: "vem aguda lá do fundo", o que significa que é algo guardado.

O hiper empático sente as dores do mundo: não espero que você compreenda isso. Daí, meu isolamento social se dá para sentir o mínimo desta dor. Quando um hiper empático passa por alguém na rua e olha seu semblante, é como se lesse todos os seus pensamentos e sentimentos naquele momento. Quando olha uma foto no Instagram, tem certeza de que aquele momento registrado foi 'representado'. O hiper empático é confundido com bruxas, médiuns, sensitivos e videntes: é apenas hiper empatia além do padrão normal, nada de sobrenatural. O modo como uma pessoa publica um post diz tanto quanto ouvir sua voz e analisar sua expressão...

Eu sou um ser humano como qualquer outro: eu sangro, sou frágil, sinto como qualquer um. Não sou auto suficiente. Sei suportar a dor por meses e anos, até que, chega um momento que ela se libera e cada vez que volta, volta mais forte e eu, devo me esforçar pra ser mais forte que ela. (olhando desta forma, não é um processo ruim, né verdade?)

Sofri durante a Vida com uma doença neurológica, que provavelmente é devido a minha condição neurológica. Somado as adversidades e vivências da vida - que não foram poucas, nem leves - outras patologias surgiram e, às vezes, as crises de todas as formas são inevitáveis: não esta sob meu controle e nem as medicações surtem efeito.

O afastamento das redes não se dá apenas por causa do meu isolamento social em off... A falação e só a falação já encheu: palavras sem atitudes são apenas palavras... o que deveria unir, entreter, somar, potencializa o que TODOS que, na verdade, buscam refúgio na internet sofrem e não confrontam...

Ver a conserva postar a foto do seu energético chamado 'cháfé', não esconde que ela é porca, relaxada, e tudo em sua casa é de puro mal gosto - por isso ela não mostra, mas é tolerável. A outra que fica de indiretinha pra macho, sendo casada, confunde a ponto de não sabermos se ela fala d marido ou do conversante. Ou o grupo que mal ingere informação mas, dá a sua 'opinião' porque hoje em dia, não é legal ser descolado, é legal 'parecer' inteligente, também é suportável. Nem falo de quem fica postando pic como se vivesse a frase da imagem...(meus olhos já se contorceram pra cima)

O que não é suportável é ver toda essa porcaria, aparecendo aos montes em meio informações relevantes e importantes para o Bem Comum: essas pessoas citadas só olham o o próprio umbigo com acúmulo se massa fétida, possuem imenso problema de auto estima e não são apenas falsas, também são bem hipócritas.

A última vez que tive uma crise deste nível foi quando após dois anos, pré fim de casamento, meu ex estava quase me enlouquecendo. Antes desta, houve outra na época do finado Orkut e esta foi realmente relevante e compreensível. 

Eu trocava mensagens com a PF, enviando denúncias de pedófilos: eu os caçava rede à fora. Eu usava um perfil fake e agia voluntariamente, ainda mais com o Orkut cheio de falhas de segurança, sendo possível printar provas nas mensagens privadas. Às vezes, navegava em salas de bate papo ou grupos, me passando por menor de idade como isca... Entre um email e outro a PF sempre deixou claro a necessidade da comoção pública pela Regulamentação da Internet: crimes online são sinal de crimes offline ou de pessoas totalmente doentes. Eu e o grupo ao qual fazia parte, começamos uma campanha pela Regulamentação: incrível como ninguém queria a obrigação de colocar nome real e rosto em perfis (uma prova óbvia da não aceitação de si mesmos)... Minha última atividade foi quando recebi uma denúncia de pedofilia: de todas as imagens que vi, aquela se tornou um pesadelo por muitos anos. Uma criança foi presa a um cavalete de exercício e deflorada... A imagem era antiga, portanto, difícil o rastreamento, mas, o link da origem da imagem, favoreceu encontrar uma rede de pornografia infantil. Naquele momento, desisti do ativismo: fosse ambiental, fosse social...

Fiquei uns anos sem acessar a internet  e quando retornei, foi para o Facebook. Eu saio do ativismo mas, ele não sai de mim: quando dei por mim, era administradora de grupos de autismo, disso, daquilo.......Pra mim, não existe causa específica, não existe uma única bandeira: existe a contribuição para o Bem Comum. Não preciso ser negra, deficiente, LGBT+, umbandista, isto ou aquilo para ter empatia por uma causa... E sem perceber, estava eu novamente envolvida no ciber ativismo. 

Ao contrário do que se pensa, o ciber ativismo  não é ficar matracando na rede o que todo mundo sabe e repete. Uma coisa é quando os profissionais da informação estão publicando informação. Os ciber ativistas estão chamando a atenção para questões importantes que ninguém sabe ou não quer saber, além de conscientizar para que cada um possa, segundo seus recursos, apoiar financeiramente quem está lá, no olho do furacão.

Eu conheço a Deep Web, sei que há conteúdo de lá tragos para cá onde há usuários "comuns"... Eu já vi de tudo de mais absurdo possa existir, simulado ou não e nada será mais brutal do que a realidade nua e crua.

Meus olhos se acostumaram as consequências da guerra... Mas, há a hiper empatia...Quando ví um pai de família carregando uma sacola, e tirando de dentro pedaços dos corpos do que conseguiu recolher de sua família, sendo uma postagem que surgiu em meio a uma discussão sobre BBB.... Não foi impotência o que eu senti... Senti que a Humanidade errou, erra e é um caso perdido. Alguém ajudar um animal na Natureza, é o mínimo que o ser humano deveria fazer pela Natureza... Além da guerra agredir o planeta, extermina a própria espécie e não apenas quem está lá, no meio da guerra.... Observo onde as pessoas canalizam seus focos... Enquanto isso, Vidas são violadas, ceifadas e ninguém vê, porque pelo visto, ninguém se importa. Oferecer um prato de sopa, apenas acalma a consciência de quem curte um churrasco à beira da piscina....Doar roupas e um cobertor no inverno para um morador de rua, não muda a realidade dele: apenas aplaca o frio.

Embora eu tenha uma tremenda aversão à religião, não condeno quem segue uma: a bem verdade é que, todos nós sem exceção precisamos de algo onde se segurar, algo que dê sentido a tudo, algo que alimente a esperança e os sonhos. Mas, quando não se tem uma religião, o que resta? As plantinhas e a Lupita, porque este planeta que nos recebeu tão generosamente não é nosso, é deles.

A incapacidade humana de cessar um genocídio enquanto o mundo todo assisti, é acostumar os olhos a destruição e banalizar o sofrimento, a violência, a destruição e a morte. Vocês, precioses, acham que estou sofrendo por contas pra pagar, por fome, por ter perdido tudo? Isso não é nada perto do que centenas de pessoas pelo mundo - inclusive aqui - estão sofrendo.

Se importar, não é entrar em depressão, vitimismo por causa da intensa fragilidade emocional que possuí,ou fazer da Vida um palco onde se representa um indivíduo com Vida plena, fingir ou assumir que o olhar é limitado a apenas sua vidazinha dentro de sua área de conforto onde julga que tudo está sobre controle - e está porque oh vidazinha vazia - e o resto que se dane e cada um com seus problemas (ou a nova: cada um que lute) ... Se importar é estar vivo e se compadecer pelo outro!

"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

William Shakespeare


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Sou estranha: me aceito, mas, me esforço em ser melhor

 “Eu me importo comigo mesma. E quanto mais solitária, sem amigos e sem sustento, mais eu me respeito”. 

Charlotte Brontë, poetisa e escritora.


Eu feita por amigo autista


Meu corpo não é resultado do passar dos anos ou da falta de cuidado: é resultado de ataques, omissões, agressões, violência... Como não sei esconder nada, mesmo a dita violência verbal ou psicológica, irá transparecer no meu exterior. Isso acontece com alguém que não reage, não se vinga e não guarda rancor... Pessoas assim costumam ser 'vítimas' do pior que o ser humano precisa exteriorizar de ruim. Tornam-se alvos pra todo impulso instintivo... A dor do ato agressivo, irá se manifestar de algum forma: seja em uma ferida aberta, seja na ferida metafórica, seja como gatilho, seja no empalidecimento, seja no semblante abatido e no pior dos casos, na depressão que estava quieta...

Ser agredida de qualquer forma ou em qualquer nível, não me afeta mais há anos: de tanto apanhar, acostuma-se, mas, quem apanha não consegue esquecer, quem bate sim... Não espero nada de ninguém, mas, por toda a Vida, o que veio da grande maioria das pessoas foi o que era ruim e mal. Por que eu iria me surpreender ou me afetar? Este é um padrão da predisposição do comportamento da espécie humana. Raríssimas as pessoas que possuem uma fonte de virtudes constante...

Por muito tempo acreditei que minha Vida era um castigo ou que existia algum tipo de maldição hereditária: não parece mas, alcancei a maturidade precocemente e ela me esclareceu. A Vida é uma dádiva e às vezes, penso não merecê-la, mas, se não merecesse, não estaria ainda aqui.

Meus cinco primeiros anos de Vida foram toda uma Vida que eu gostaria de ter vivido. Ao chegar nos seis anos, tudo o que conheci é o pior do ser humano e da sociedade humana. Portanto, não espero nada de bom de ninguém, e quando raras vezes vem, é mais que uma surpresa: é dádiva, milagre, benção!

Toda vez que aquele do meu passado me machucava interiormente - e ele tem o dom de fazer isso com eficiência - ao terminar, me dizia: "Sou assim, nasci assim, então é isso!". Que triste pessoas que reconhecem como são mas, estão empacadas no processo de evolução e crescimento...Ele era simplesmente um conformado, eu não!

Agradeço por me empurrar para meu isolamento em minha Bolha. Eu já sinto as dores do mundo, mesmo trancada por dias dentro de casa... Não preciso de mais das feridas que vez ou outra se abrem. E quem eu sou, eu mereço, sim: eu me mereço!

Meu shampoo tá longe de acabar, mas, uma hora acaba



 Tenho umas excentricidades que dizem ser da minha condição... Como é complicado explicar o que é condição para eu crio termos, igual quando falo da Rádio Mental que às vezes, também é Rádio Bubblebee... Minha mente não é verbal, então, meus pensamentos, o raciocínio não são processados com vozes, como acreditei, até a fase adulta, que a mente de todo mundo que seria... Memorizo sons e imagens desde sempre, favorecendo a percepção de padrões: a tal Rádio Bubblebee reproduz sons que foram memorizados. E todo o resto do processamento mental se dá através de imagens, como se houvesse um Telão Mental. Estranho, né? Acho que quem criou a animação que adoro, Divertidamente, tem a mente assim também.....

Tudo isso - que talvez você não tenha compreendido - foi dito para falar da minha relação com músicas.... Tenho extrema dificuldade em falar sobre  que sinto - talvez porque o que se sente seja para sentir - então, as músicas falam por mim literalmente. Tanto através do conjunto - melodia, ritmo e harmonia - quanto na letra... É a maneira com que eu posso me expressar com clareza...

Ouço "Vento no Litoral", do Legião Urbana... Esta música passou dos limites do "ser marcante", ainda mais por conta de tantos anos passados...Justamente por isso, eu sabia que ela iria além da recordação da minha melhor amiga.... Talvez, ela tenha sido realmente a única melhor amiga que tive na Vida.

Conheci Ester quando era ainda criança e ela já era uma moça. Meus pais eram amigos dos pais dela, morávamos próximos. Sabe aquela pessoa que não parece bonita por simplesmente não estar dentro de nenhum padrão de beleza? Assim era ela. Ela me fazia lembrar da Janis Joplin e hoje, Janis me faz lembrar dela.Foi através dela que aceitei essa minha visão sobre as pessoas: nunca será pelo que elas são por fora: é o jeito, é a mente, é como encara a Vida e os problemas, é o Ser e assumir e aceitar Ser!

Os anos passaram e eu fiquei moça... Havia uma identificação uma com a outra... Da minha parte, eu queria ter a capacidade de ser o espírito livre que ela era. Uau! Como ela era incrível em tudo! O significado de amizade pra mim se tornou Ester.Nos tornamos melhores amigas. E nesta época, ela e toda a família se mudaram para um sítio, não tão distante... Então, tornou-se um hábito ir para lá todo final de semana. Quando não estava nos meus planos, ela pedia para o pai dela ir me buscar.

Com nossa convivência, cumplicidade e intimidade, descobri que era tão louca quanto ela, só não conseguia ser tão livre. Sextas e sábados a noite, no começo da madrugada enquanto todos da casa dormiam, eu a ouvia abrindo a janela: "Você continua dormindo quietinha ai que vou ganhar uma grana!". Ela cantava em um barzinho, escondida dos pais... Achava isso o máximo!

Havia confiança mútua entre as famílias e, embora fosse sabido de todos de que ela fora internada várias vezes em clínicas de reabilitação, meus pais, principalmente meu pai, não se importavam com a fama de maconheira. (meu pai, porque eu podia confiar a ele todos os meus segredos). Eu e Esther fumávamos maconha juntas, embora ela estipulasse limites pra mim e sempre me dizia para não usar nenhuma outra. Ela tinha medo que eu ficasse como ela.

Eu nunca vou esquecer a última vez que fizemos isso: foi um final com chave de ouro. Pegamos nosso colchão velho, o rádio, e seguimos em direção as proximidades do muro do sítio: nosso refúgio era atrás de várias Bananeiras. Ali costumávamos fumar, ouvir música, cantar alto! Naquele dia ela vez o que chamava de "vela": parecia um charuto. Não tínhamos chegado nem na metade, quando ela jogou no chão e esfregou o pé em cima, dizendo: "- Que merda a gente acha que tá fazendo?". Eu só dizia: "- Cara, o que você tá fazendo? Não vai dar pra salvar nem a ponta!".

Aquele momento foi um de tantos marcos em minha Vida, embora uma semana antes, havia acontecido outro: minha mãe não me deu permissão para ir ao sítio. É... Vivi esses lances com minha mãe disciplinadora e excessivamente protetora. Mas, Esther pediu ao pai que me buscasse e ele convenceu minha mãe a dar permissão. Ao chegar, quando nos abraçamos, desabei a chorar! Minha mãe não havia dado permissão porque havia discutido comigo: ela falou horrores além de repetir diversas vezes "porque você não é como sua irmã?". Esther ficou indignada e começou a contar os 'podres' da minha irmã....Segredos e 'façanhas', todo mundo tem, mas, assim como eu, Esther não suportava gente de duas caras.... Naquele dia, ela me deu uma outra visão sobre mim mesma e muito, mas, muito do que sou, devo a aquela conversa.

Voltemos para o momento em que Esther detona todo o 'beck' misturando com terra e folha seca... "Olha pra gente! Somos fodas, somos lindas, somos inteligentes, somos o sonho de muito cara por ai, mas também, somos nós por nós! Não precisamos dessa merda! Vamos fazer um pacto!". Ela dizia o pacto e eu repetia, e se ela sentisse certa insegurança ou indecisão na minha voz, ela fazia eu repetir mais forte. Prometemos que nunca mais iríamos usar maconha. E que iríamos nos dedicar em tornar nossas Vidas muito melhores.

Depois do pacto, ficamos distantes uma da outra: ambas ficaram acamadas som crises de abstinência. Quando já estávamos melhores, houve muitos desencontros, mas, estava feliz em saber que ela conheceu um rapaz super fofo e gentil - daqueles que raramente se vê - que aceitava ela assim como ela era. Ficaram noivos, montaram a casa dele ao gosto dela porque ele assim quis. Marcaram a data do casamento e antes, ela marcou um procedimento para retirar as tatuagens que ela mesma havia feito: elas faziam parte de um passado que ela queria esquecer.

Vou pular os detalhes, muito pessoais para voltar ao assunto da música... Esther estava no apartamento da irmã com seu namorado, quando quase no meio da madrugada, sentiram fome e decidiram sair para buscar comida. Exatamente neste momento, eu estava em casa dormindo, quando acordei gritando alucinadamente. Minha mãe veio ao meu socorro e eu gritava: - Não consigo mexer do pescoço pra baixo, tudo dói! Tá doendo, mão!

Foi neste momento, quando o carro passava pelo portão do prédio, um caminhão desgovernado bateu com tudo no veículo onde estavam. Esther teve o corpo esmagado até o pescoço e morreu instantaneamente. Em seu velório, seu noivo dizia: "A pele onde estavam as tatuagens foram arrancadas!". Eu contava que a última música que cantamos juntas foi Vento no Litoral e ela sempre interrompia dizendo o nome dele... Então, ele me disse: "- É a nossa música... Mas, não era pra ser assim..."

Contei tudo isso pra dizer, que acredito que de alguma forma, encontrarei minha amiga... Por isso, o luto se foi quando quase uma semana após ela partir, eu sonhei com ela me dizendo:"Tinha que ser assim..." - e sei do que ela dizia...

Hoje, esta música ganha um novo significado, não anulando o outro: a sensação de luto ou perda, é a mesma... Os pais de Esther e minha mãe eram conservadores evangélicos e nós a ovelha negra das duas famílias. Em nossa última conversa, ela me ensinou sobre a perda e sobre deixar ir o que não veio pra ficar... Que devíamos compreender nossos pais porque todo mundo precisar ter algo em que se apegar, em que se segurar para conseguir continuar... Tudo o que me restou são utopias, Esther....


"Se o vento ainda está forte, vai

Ser bom subir nas pedras, sei

Que faço isso pra esquecer

Eu deixo a onda me acertar

E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe, vê

A linha do horizonte me distrai

Dos nossos planos é que tenho mais saudade

Quando olhávamos juntos na mesma direção

Aonde está você agora

Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer

Foi só o tempo que errou

Vai ser difícil eu sem você

Porque você está comigo o tempo todo

E quando vejo o mar

Existe algo que diz

Que a vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui

O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos

Lembra que o plano era ficarmos bem?"